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Milhares vão às ruas em Barcelona contra duras sentenças de separatistas

14/10/2019 21h38

Barcelona, 15 Out 2019 (AFP) - Milhares de separatistas catalães se manifestaram, nesta segunda-feira (14), e paralisaram parcialmente o Aeroporto de Barcelona, em protesto pela condenação de nove de seus líderes a penas de até 13 anos de prisão por seu envolvimento na frustrada tentativa de secessão de 2017.

Os agentes dispararam várias vezes contra os manifestantes que, lançando pedras e latas de lixo, tentavam romper o cordão policial na entrada do aeroporto da capital catalã, o segundo maior do país.

A tensão aumentou à noite, com os manifestantes jogando pedras, extintores, pedaços de pau, latas e rojões nos policiais. O ato se dissolveu por volta das 22h (17h em Brasília).

O protesto foi convocado pela plataforma separatista Tsunami Democrático e incluiu o fechamento de estradas e vias férreas de acesso ao aeroporto. Muitos passageiros tiveram de ir a pé, levando sua bagagem, até o terminal.

Segundo os serviços de urgência, 53 pessoas tiveram de receber atenção médica no aeroporto. Pelo menos 108 voos foram anulados, revelou o administrador do aeroporto Aena.

O objetivo era mostrar seu repúdio à sentença que condenou o ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras a 13 anos de prisão por sedição e malversação. Esta foi a mais dura de todas as penas contra os 12 separatistas processados de fevereiro a junho pelo Tribunal Supremo em Madri.

Também foram condenados a ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell (11 anos e meio), o ex-presidente e presidente das influentes associações separatistas ANC e Omnium Cultural, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart (9 anos), e cinco ex-ministros regionais (entre 10,5 e 12 anos).

Outros três ex-ministros regionais, que estavam em liberdade condicional, deverão pagar uma multa de 60.000 euros pelo crime de desobediência.

"Não é justiça, é uma vingança", denunciaram, em um comunicado comum, os nove separatistas condenados a penas de prisão.

Em outros lugares da Catalunha, também houve bloqueios de estradas e de vias ferroviárias, segundo as autoridades locais. No centro de Barcelona, ocorreram momentos tensos esta noite, quando milhares de manifestantes se reuniram diante da sede da polícia nacional, protegida por homens do Batalhão de Choque.

O movimento separatista havia convocado a população à "desobediência civil pacífica", em caso de condenação.

O ex-jogador de futebol e treinador Pep Guardiola, estrategista do clube inglês Manchester City, disse hoje que o movimento separatista continuará até que a Espanha aceite um referendo sobre a eventual autodeterminação para essa região.

"Esta luta não violenta continuará até que termine a repressão e se respeite o direito à autodeterminação, como em Québec e na Escócia", disse Guardiola em uma mensagem em vídeo.

"Nenhum governo espanhol foi corajoso o suficiente como para enfrentar este conflito, através do diálogo e do respeito", afirmou o treinador, conhecido por suas convicções separatistas.

Em sua mensagem, Guardiola considerou que as pesadas condenações constituem "um ataque direto aos direitos humanos".

"Este é um fato inaceitável na Europa do século XXI", completou o treinador.

Muitos manifestantes mostravam, porém, sua irritação e frustração com a convocação pacífica.

"Sempre buscamos vias pacíficas, mas ninguém presta atenção (...) Por isso, fazemos isso: para causar o máximo incômodo possível, que afete todo mundo, para ver se se dão conta", disse à AFP, perto do aeroporto, Carles Navarro, um consultor de software de 49 anos.

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