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Os curdos, um povo sem Estado em busca de reconhecimento

12/10/2019 14h20

Paris, 12 Out 2019 (AFP) - Saiba mais sobre os curdos, um povo sem Estado com entre 25 e 35 milhões de pessoas, presentes no Iraque, Irã, Turquia e Síria:

- Divididos entre quatro países -Povo de origem indo-europeia, os curdos descendem dos medos da antiga Pérsia, que fundaram um império no século VII a.C.

Em sua maioria muçulmanos sunitas, os curdos estão estabelecidos em uma área de cerca de meio milhão de quilômetros quadrados.

Seu número total varia de acordo com as fontes, algo entre 25 e 35 milhões de pessoas. A maioria vive na Turquia (20% da população do país). No Iraque, os curdos representam 15% a 20% da população; na Síria, 15%; e no Irã, cerca de 10%.

Importantes comunidades curdas também vivem no Azerbaijão, na Armênia e no Líbano, assim como na Europa, principalmente na Alemanha.

- Um sonho quebrado -A queda do Império Otomano no final da Primeira Guerra Mundial abriu caminho para a criação de um estado curdo, previsto pelo Tratado de Sèvres de 1920, que o situava no leste da península turca de Anatólia e na atual província iraquiana de Mossul.

No entanto, após a vitória de Mustafa Kemal na Turquia, os Aliados modificaram sua decisão e, em 1923, o Tratado de Lausanne estabeleceu o domínio da Turquia, Irã, Grã-Bretanha (pelo Iraque) e França (pela Síria) sobre as populações curdas.

- Luta antijihadista -Na Síria, a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG) é uma das principais forças que combatem o grupo jihadista do Estado Islâmico (EI) desde 2014, com o apoio da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

Formadas por 25.000 curdos e 5.000 árabes, as Forças Democráticas Sírias (FDS) foram criadas em outubro. Dominadas pelas YPG, recebem ajudas importantes de Washington.

As FDS expulsaram o EI de seu reduto em Raqa e, em março de 2019, reconquistaram sua última fortaleza na Síria, Baguz.

No Iraque, os combatentes curdos peshmergas também participaram da luta contra os jihadistas.

- Conflitos com os poderes centrais - Com a reivindicação de terem um Curdistão unificado, os curdos são vistos como uma ameaça para a integridade territorial dos países em que estão instalados.

Na Síria, sofreram décadas de marginalização e de opressão por parte do governo por reivindicarem o reconhecimento de seus direitos. Adotaram uma posição de "neutralidade" em relação ao poder e de rebelião no início do conflito em 2011.

Em 2016, proclamaram a criação de uma vasta "região federal" no norte, formada por três cantões, que provocaram críticas da oposição e hostilidade da Turquia.

Na Turquia, o conflito entre o governo e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) foi retomado em 2015, despertando esperanças de uma resolução dessa crise que causou mais de 40.000 mortes desde 1984.

Ancara, que já realizou duas ofensivas na Síria - em 2016 e no início de 2018 - para remover jihadistas do EI e combatentes das YPG, lançou em 9 de outubro uma nova incursão contra as forças curdas no nordeste do país. Recebe várias críticas da comunidade internacional.

No Iraque, os curdos perseguidos pelo governo de Saddam Hussein se revoltaram em 1991 após a derrota do Exército iraquiano no Kuwait e estabeleceram uma autonomia de fato, legalizada pela Constituição iraquiana de 2005.

Em 2017, os curdos votam pela secessão, com Bagdá e a comunidade internacional expressando sua oposição. Em retaliação, o poder central enviou seus veículos blindados para tomarem as áreas disputadas.

No Irã, confrontos esporádicos opõem os rebeldes curdos às forças de segurança, cujas bases traseiras estão no Iraque. Após a Revolução Islâmica de 1979, ocorreu uma revolta curda que foi severamente reprimida.

- Divisões internas -Os curdos, que nunca viveram sob um poder centralizado, estão divididos em uma miríade de partidos e frações espalhadas pelos quatro países.

Às vezes transfronteiriços, esses movimentos costumam ser antagônicos, principalmente com base nos jogos de alianças fechadas com regimes vizinhos.

No Iraque, os dois principais partidos curdos travaram uma guerra que deixou cerca de 3.000 mortos entre 1994 e 1998. Se reconciliaram em 2003.

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