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Ex-chefes das Farc assumem responsabilidade "ética e política" por sequestros

23/09/2019 15h43

Bogotá, 23 set (EFE).- Ex-líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) reconheceram nesta segunda-feira a responsabilidade "ética e política" pelos vários sequestros de civis cometidos pela extinta guerrilha durante mais de 50 anos de conflito armado no país.

"Reconhecemos a existência de retenções de civis e assumimos, em nome dos homens e mulheres das Farc, a nossa responsabilidade coletiva, ética e política pelo dano causado a pessoas e famílias que foram vítimas dessa conduta", afirmou Rodrigo Londoño, conhecido na época de combatente como "Timochenko" e que agora preside o partido político no qual a guerrilha se transformou, chamado Força Alternativa Revolucionária do Comum.

Londoño discursou em uma audiência na Justiça Especial para a Paz (JEP), na qual mais de dez ex-chefes guerrilheiros entregaram um documento sobre os sequestros cometidos pelas Farc como parte do compromisso firmado no acordo de paz assinado em novembro de 2016.

"Não queremos justificar nenhuma conduta que violou o Direito Internacional Humanitário, mas informar com a nossa própria voz as razões objetivas que levaram muitos colombianos a construir o que foram as Farc", declarou.

A audiência dos ex-guerrilheiros foi realizada como parte do caso "001" aberto pela JEP, também conhecida como o tribunal de sequestros e ao qual cada um deles já havia comparecido de forma individual para explicar a responsabilidade que tiveram nesse tipo de crime, que os membros das Farc chamam de "retenções".

A Justiça Especial para a Paz é a coluna vertebral do acordo assinado entre ogGoverno e as Farc e é responsável por investigar e julgar os crimes cometidos durante o conflito armado do país.

Durante a audiência, que durcou cerca de uma hora, Londoño ressaltou que os ex-líderes guerrilheiros honrarão o compromisso com o acordo "contando a esta jurisdição todos os fatos graves, porque assim exigem as vítimas e o país".

Também diante dos magistrados, o ex-chefe guerrilheiro Pastor Alape garantiu que os ex-guerrilheiros devem fazer todo o esforço para que haja justiça e se consiga "fortalecer os sonhos de uma nova nação".

"Acreditamos que é necessário comparecer neste palco de justiça para semear a esperança (...) Desejamos contribuir para que em algum momento esta sociedade, especialmente cada uma das pessoas que foram afetadas pelo conflito, possa nos perdoar", destacou. EFE

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