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Alemanha alcança seu grande plano climático

20/09/2019 18h22

Berlim, 20 Set 2019 (AFP) - Os partidos da frágil coalizão governamental de Angela Merkel acordaram uma estratégia para combater a mudança climática financiada com, ao menos, 100 bilhões de euros em investimentos até 2030, em um contexto de exigência cidadã para agir nesse sentido.

O montante será investido para "proteger o clima e favorecer a transição energética", segundo o texto final aprovado nesta sexta-feira pelo governo alemão após mais de 18 horas de negociações entre os conservadores e os social-democratas, ao qual a AFP teve acesso.

O governo pretende gastar 54 bilhões de euros nos quatro primeiros anos do plano, até 2023, segundo informou à imprensa o ministro das Finanças, Olaf Scholz.

O desafio consiste em tomar medidas para incentivar os alemães a reduzir as emissões de poluentes e permitir que o país cumpra suas metas nesse sentido.

O texto, que prevê por exemplo 86 bilhões de euros em investimentos divididos entre o governo e a companhia ferroviária Deutsche Bahn para renovar a rede, ainda tem que ser aprovado no conselho de ministros.

O anúncio coincidiu com uma manifestação de mais de um milhão de pessoas, segundo os organizadores, 270.000 delas em Berlim, no icônico Portão de Brandenburgo, para exigir mais medidas governamentais contra a mudança climática, no âmbito de uma greve mundial.

- Pressão -A porta-voz alemã do movimento FridaysforFuture, Luisa Neubauer, criticou o plano com dureza. "Não é um início, é um escândalo", tuitou.

O copresidente dos Verdes, Robert Habeck, criticou uma estratégia "confusa".

Os partidos discordavam, sobretudo, em como financiar o plano, algo extremadamente complicado porque o governo se recusa a contrair novas dívidas, de acordo com sua política de ortodoxia orçamentária.

Questão central: definir um preço alto o suficiente para fazer com que os consumidores optem por soluções menos poluentes, mas que ao mesmo tempo não provoque protestos, como o dos coletes amarelos na França.

Em termos concretos, a estratégia do governo também inclui uma série de medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nos setores de energia, construção, agricultura, indústria e transporte.

Isso varia de um favorecimento aos transportes públicos e trens, ao aumento do preço das viagens aéreas na Alemanha, a vários subsídios para o desenvolvimento de carros elétricos ou para o aquecimento individual limpo e eficiente.

- Governo frágil -Paralelamente, pretende-se acelerar o desenvolvimento de energias limpas (solar, eólica ou biomassa), subindo a 65% em 2030 contra 40% atualmente.

A pressão sobre o governo de Merkel é grande: deve responder às expectativas dos manifestantes, ao mesmo tempo que um acordo parece indispensável para a própria sobrevivência da coalizão.

O ministro social-democrata das Finanças, Olaf Scholz, relacionou diretamente a continuidade da coalizão à elaboração de "um grande projeto climático".

No início do ano, a Alemanha decidiu abandonar o carvão até 2038, mas ainda não programou o fechamentos das minas e centrais. Outro ponto delicado que deve ser resolvido até 2022 é o abandono da energia nuclear, decidido em 2011 após o desastre de Fukushima.

E, enquanto a poderosa indústria automobilística privilegiou por muito tempo veículos movidos a gasolina ou diesel, agora deve se dirigir para o elétrico.

bur-ilp/cfe/sg/mr/db

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