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4 mortes em ação da PM: adolescente morreu após tiro no braço, diz família

Rafael Canoza, 15, é uma das quatro pessoas que morreram em ação da PM no Jacarezinho, na zona norte do Rio - Arquivo Pessoal
Rafael Canoza, 15, é uma das quatro pessoas que morreram em ação da PM no Jacarezinho, na zona norte do Rio Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

17/09/2019 11h48

Rafael Henrique Dias Canoza, 15, é uma das quatro pessoas que morreram ontem durante operação da PM na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo parentes, o jovem foi baleado no braço e levado com vida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no bairro do Méier, também na zona norte, mas quando deu entrada na unidade de saúde já estava morto.

O UOL questionou o hospital sobre a causa da morte, e a unidade de saúde afirmou que esse tipo de informação fica restrita à família. O laudo necroscópico ainda não foi concluído —mortes violentas são submetidas ao exame para estabelecer as circunstâncias exatas da morte.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Rafael e outras três pessoas deram entrada já em óbito na emergência. Parentes dizem acreditar que o jovem possa ter sido morto a caminho da unidade. Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou apenas que investigações estão a cargo da Polícia Civil.

Não se sabe de onde partiu o tiro que matou o adolescente. De acordo com a PM, houve confronto entre criminosos e policiais.

Avó foi vítima de bala perdida há 19 anos

De acordo com a tia de Rafael, Daniela Dias, o adolescente tinha ido a um baile no Jacarezinho no último domingo (15).

"Eu sei que a polícia chegou atirando logo cedo, ele foi para uma festa lá no domingo. Houve muita correria e atingiram meu sobrinho. Ele era um jovem muito bom. Não havia ninguém que não gostasse dele, era um menino muito respeitador", disse ela.

Rafael trabalhou fazendo pipas em Realengo, na zona oeste do Rio, onde mora a mãe, e vivia atualmente com a avó e com a tia no bairro do Cachambi, na zona norte carioca. A avó foi vítima de bala perdida há 19 anos e teve os movimentos do corpo comprometidos.

De acordo com a tia, Rafael ajudava a avó e não tinha passagens pela polícia tampouco envolvimento com o tráfico de drogas.

A operação da PM, que terminou com quatro mortos, duas pessoas feridas e um policial atingido por estilhaços, começou ontem logo cedo. Duas pessoas não identificadas foram presas. Foram apreendidos uma pistola, um fuzil, um rádio transmissor e drogas.

A ação contou com homens do BPChoque (Batalhão de Choque), do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do BAC (Batalhão de Ações com Cães).

Durante confronto na comunidade entre PMs e traficantes, um militar do Batalhão de Choque foi flagrado dando um "cascudo" na cabeça de um dos presos. A corporação disse que ele foi preso administrativamente e está à disposição do comandante do Batalhão.

Entre os feridos, estão Lucas Menezes, baleado no abdômen, e Patrícia Chagas Kiss, 26, atingida na perna. Lucas passou por cirurgia na tarde de ontem —o estado dele é grave. O quadro de saúde de Patrícia é estável, segundo a secretaria. A PM relatou ontem que houve um confronto entre criminosos e policiais, mas não informou as circunstâncias que deixaram Lucas e Patrícia feridos.

Ainda devido ao confronto na região, a SuperVia, concessionária que administra os trens, precisou interromper o serviço de transporte na região por ao menos uma hora.

Nesta terça (16), novo confronto volta a assustar moradores do Jacarezinho. Segundo relatos, há uma nova operação na região.

Imagens compartilhadas em redes sociais mostram a presença de um helicóptero no local. Os trens do ramal Belford Roxo tiveram novamente a circulação afetada por medidas de segurança.

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