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Bachelet nega vínculo com construtora OAS por suposta doação de dinheiro

17/09/2019 10h49

Santiago, 17 set (EFE).- A ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, negou qualquer ligação com a construtora brasileira OAS, depois que um ex-executivo da empresa assegurou ter doado cerca de US$ 143 mil para a campanha eleitoral da antiga governante, em 2013.

"A minha verdade é a mesma de sempre, nunca tive vínculos com a OAS ou qualquer outra empresa", disse Bachelet, em entrevista à emissora chilena "24 Horas".

Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, afirmou à Justiça brasileira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba por corrupção, pediu recursos à construtora para a campanha de Bachelet, em 2013.

O empresário afirmou que o dinheiro fornecido à campanha foi de 101,6 milhões de pesos (cerca de US$ 143 mil) e que foram depositados através de um contrato fictício assinado com a empresa Martelli e Associados, da qual o titular é Giorgio Martelli, um operador político que atuou como financiador de Bachelet em campanhas eleitorais.

Segundo a versão de Pinheiro, Lula entrou em contato com o ex-presidente chileno, Ricardo Lagos, para ajudá-lo a negociar o acordo com a OAS e interceder para que a construtora conseguisse um contrato para construir uma ponte no sul do Chile.

Bachelet, que atualmente é a alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, disse achar "estranho" que apareçam agora as declarações de Pinheiro, quando a promotora chilena Ximena Chong viajou para o Brasil, em março de 2017, para interrogá-lo, ele se reservou ao seu direito de permanecer em silêncio.

"Não sei se há outro pano de fundo por trás disto, por que agora aparece esta informação na imprensa do Brasil", disse Bachelet, se referindo ao jornal "Folha de São Paulo", que junto ao site "The Intercept Brasil" divulgou a informação ontem.

A ex-presidente chilena insistiu que ela tem "apenas uma verdade" e insistiu em descartar "categoricamente" que ela mantinha alguma relação com a empresa brasileira.

Ao ser questionada sobre se é possível que a OAS entregasse o dinheiro ao seu financiador sem que ela soubesse, Michelle Bachelet considerou que os fatos sustentados por Pinheiro são "especulativos".

Bachelet destacou que Lula e Ricardo Lagos negaram os fatos denunciados por Pinheiro, que está preso desde 2016, e acusou o ex-presidente brasileiro de receber um apartamento em troca de favores políticos à OAS.

"O ex-presidente Lula diz que isto é falso e o ex-presidente Lagos diz que nunca conversou sobre dinheiro com Lula. Estamos em um nível de especulação e eu não vou fazer especulações. Apenas posso dizer que nunca tive nenhum vínculo com a OAS", sentenciou.

A construtora também foi investigada no Chile por fornecer um avião ao ex-candidato presidencial Marco Enríquez-Ominami durante a sua campanha de 2013. EFE

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