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Riad afirma que armas usadas contra Arábia Saudita eram iranianas

16/09/2019 23h45

Riade, 17 Set 2019 (AFP) - As armas usadas no ataque à Arábia Saudita, que reduziu enormemente o abastecimento mundial de petróleo e despertou o temor de uma escalada militar entre Washington e Teerã, foram fabricadas no Irã - anunciou a coalizão dirigida por Riad no Iêmen, nesta segunda-feira (16).

"A investigação segue, e todas as indicações mostram que as armas usadas provêm do Irã", declarou à imprensa em Riad o porta-voz da coalizão, o coronel saudita Turki al-Maliki.

Ele acrescentou que se investiga a origem dos disparos, que atingiram, no sábado, as instalações petroleiras na Arábia Saudita. O país é o maior exportador mundial desta commodity e um peso pesado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Informações divulgadas na noite desta segunda-feira revelam que o ataque utilizou tanto drones como mísseis de cruzeiro, que atingiram seus objetivos com surpreendente precisão.

O ataque fez a produção de petróleo da Arábia Saudita cair pela metade e elevou os preços do produto em todo o mundo.

As autoridades do Kuwait também abriram uma investigação. Segundo versões locais, um drone teria invadido o espaço aéreo no sábado para sobrevoar o palácio do emir, mesmo dia do ataque à Arábia Saudita.

A ofensiva foi reivindicada pelos rebeldes huthis xiitas do Iêmen. À frente de uma coalizão militar, Riad intervém desde 2015 neste país em guerra. Ao lado do governo, tenta conter os rebeldes apoiados pelo Irã.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, considerou que não há provas de que este "ataque sem precedentes contra o abastecimento energético mundial" tenha origem no Iêmen. Washington acusa o Irã de estar por trás do episódio.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que "parece" que o Irã é o responsável e manifestou sua determinação em ajudar a Arábia Saudita, mas também declarou que gostaria de "evitar" uma guerra com a República Islâmica.

O secretário americano de Defesa, Mark Esper, declarou que os Estados Unidos vão "defender" a ordem internacional, que está sendo enfraquecida pelo Irã.

"Os militares dos Estados Unidos (...) estão trabalhando com nossos parceiros para fazer frente a este ataque sem precedentes e para defender a ordem internacional, com base em um sistema de regras, contra a tentativa de debilitá-lo" por parte do Irã.

Teerã rebateu, julgando essas acusações "sem sentido" e "incompreensíveis", segundo o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Abas Musavi.

- 'Braço longo' -O presidente iraniano, Hassan Rohani, justificou nesta segunda-feira os ataques, recordando que o Iêmen é alvo constante de bombardeios sauditas.

"O povo do Iêmen foi obrigado a reagir. Está apenas se defendendo", declarou Rohani em Ancara, ao concluir uma reunião sobre a Síria com seus homólogos russo e turco, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan.

Segundo o coronel Al-Maliki, "os ataques não foram lançados do território iemenita, como reivindicaram os huthis". Ele classificou o grupo de "instrumento nas mãos dos Guardiães da Revolução e do regime terrorista iraniano".

Os rebeldes huthis insistem na autoria dos ataques e, hoje, chegaram a ameaçar lançar uma nova ofensiva contra alvos na Arábia Saudita.

"Temos o braço longo e ele pode alcançar qualquer lugar, a qualquer momento", advertiu o porta-voz militar do grupo, Yahiya Saree, dirigindo-se ao "regime saudita".

O emissário da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, destacou que o Conselho de Segurança "não sabe quem está por trás dos ataques, mas o fato de os huthis terem assumido a responsabilidade é algo grave".

"Este tipo de ação coloca o Iêmen em risco de um conflito regional" e de uma "escalada militar preocupante".

Putin propôs à Arábia Saudita a compra de "sistemas de mísseis russos" antiaéreos para "proteger seu território" e "qualquer local de infraestrutura".

A infraestrutura energética saudita já foi atacada pelos huthis, sobretudo, em maio e em agosto.

Os ataques de sábado à usina de Abqaiq e ao campo de Khurais, no leste, são de outra escala, porém: reduziram a produção saudita pela metade, para 5,7 milhões barris por dia, cerca de 6% da oferta mundial.

Com isso, os preços do petróleo dispararam. No fechamento desta segunda-feira, o barril americano do WTI ganhou 14,7%, a 62,90 dólares, e o barril do Brent do mar do Norte subiu 14,6%, a 69,02 dólares.

- Explosão de preços -Neste contexto, as autoridades sauditas estudam a possibilidade de adiar a entrada na Bolsa do gigante petroleiro Aramco, segundo fontes próximas ao caso.

"Estão tentando avaliar os danos. É uma possibilidade, mas ainda é muito cedo", disse uma destas fontes, pedindo para não ser identificada.

Nesta segunda, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que seu país não "precisa de petróleo, nem de gás do Oriente Médio", mas prometeu "ajudar" seus aliados.

"Somos um exportador de energia e, agora, o produtor de energia número um no mundo", tuitou.

O secretário americano da Energia, Rick Perry, tentou conter a explosão dos preços do cru, destacando a "quantidade substancial de petróleo disponível".

Perry disse ser "prematuro" falar da necessidade de se recorrer às reservas estratégicas dos Estados Unidos, enquanto ainda se avalia o dano à produção saudita.

Pressionado entre seus dois grandes sócios, Teerã e Washington, o Iraque insistiu, nesta segunda-feira, que seu território não foi usado como plataforma para atacar as instalações sauditas.

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