Topo
Notícias

Erdogan recebe Putin e Rohani para cúpula sobre Síria

16/09/2019 14h42

Ancara, 16 Set 2019 (AFP) - A cúpula sobre a Síria organizada em Ancara pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com seus homólogos russo e iraniano começou nesta segunda-feira (16), dedicada a tratar da ofensiva do governo Bashar al-Assad contra Idlib, último bastião rebelde neste país.

A reunião tripartite teve início após os encontros bilaterais entre os dirigentes na capital turca. O iraniano Hassan Rohani e o russo Vladimir Putin chegaram à Turquia no domingo à noite e nesta segunda, respectivamente.

"Estamos totalmente de acordo sobre buscar uma solução política duradoura para a unidade política e a integridade territorial da Síria", afirmou Erdogan, em uma declaração transmitida pela televisão ao início da cúpula.

"Uma zona de distensão não deve servir como terreno para provocações armadas. Devemos tomar medidas adicionais para destruir completamente a ameaça terrorista que provém da zona de Idlib", disse Putin, também no começo da reunião.

Desde 2017, esta é a quinta cúpula entre Erdogan, Putin e Rohani. Enquanto a Turquia apoia a oposição no território sírio, Irã e Rússia são aliados do governo Assad.

Em um momento, no qual a vitória de Assad parece cada vez mais próxima, a prioridade de Ancara é evitar um novo fluxo em massa de refugiados procedentes de Idlib, no noroeste da Síria.

Apesar dos chamados de cessar-fogo, a região, onde vivem três milhões de pessoas, é alvo de uma ofensiva do governo sírio. Em virtude de um acordo firmado no ano passado com a Rússia, a Turquia conta com 12 postos de observação na zona, um deles agora cercado pelas tropas de Damasco.

O objetivo da cúpula é examinar "a evolução dos acontecimentos na Síria, sobretudo em Idlib, mas também ver que passos conjuntos dar no próximo período para cessar o clima de conflito, pôr em marcha as condições necessárias para o retorno voluntário dos refugiados e instaurar uma solução política", declarou a presidência turca em um comunicado.

Idlib continua sendo alvo de bombardeios esporádicos, apesar da instável trégua decretada em 31 de março e após quatro meses de ataques do governo sírio e de seu aliado russo.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a ofensiva deixou mais de 960 civis mortos.

"Nesta zona, continua estando presente uma grande quantidade de terroristas [...] e os combatentes continuam disparando contra as posições das forças do governo", declarou o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, nesta segunda.

Antes de embarcar para Ancara, Rohani havia antecipado que, embora uma grande parte dos problemas da Síria esteja resolvida, Idlib é uma das principais questões da cúpula.

- Questões em aberto -O presidente iraniano mencionou ainda a situação do leste do Eufrates, onde a Turquia concluiu com os Estados Unidos um acordo para criar uma "zona de segurança" que separe a fronteira turca das zonas sírias controladas pela milícia curda, apoiada por Washington, mas considerada "terrorista" por Erdogan.

Para Ancara, um dos objetivos desta área é poder realocar uma parte dos mais de 3,6 milhões de refugiados sírios instalados na Turquia.

Já a Rússia deseja avançar na criação de um comitê constitucional encarregado da redação de uma Carta Magna para depois da guerra. Putin disse esperar que entrem "agora nas etapas finais" de formar essa comissão.

Em caso de sucesso, será mais uma vitória política para o chefe do Kremlin, somando-se às suas conquistas militares, considera Dareen Khalifa, analista do International Crisis Group.

De qualquer modo, afirma Khalifa, não se deve esperar muito deste encontro a três.

Ainda que consigam chegar a um consenso sobre a composição do comitê constitucional, "há várias questões sem resolver sobre o futuro do processo político, entre elas a capacidade e a vontade do regime de levar adiante algum tipo de reforma política", acrescentou a analista.

A cúpula acontece em um contexto de tensões exacerbadas, após o ataque do fim de semana contra duas instalações petroleiras sauditas. Washington culpa Teerã pelo episódio, aprofundando a tensão bilateral.

"A presença de forças militares americanas em um país-membro das Nações Unidas e independente, como a Síria, põe sua integridade territorial e sua soberania nacional em perigo. As forças americanas deveriam deixar o país imediatamente", declarou Rohani, na abertura da cúpula tripartite.

Erdogan se reunirá com o presidente dos EUA, Donald Trump, em paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, no final de setembro.

bur-raz/lsb/sgf-es/age/tt

Notícias