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EUA e Brasil promoverão desenvolvimento do setor privado na Amazônia

13/09/2019 22h35

Washington, 14 Set 2019 (AFP) - Dois dos principais críticos do Acordo do Clima de Paris, Estados Unidos e Brasil disseram, nesta sexta-feira (13), que vão promover o desenvolvimento do setor privado na Amazônia, onde o aumento do desmatamento e os incêndios geraram alarme mundial recentemente.

Reunidos em Washington, os principais diplomatas dos dois países prometeram avançar na cooperação estratégica, com a qual seus presidentes, Donald Trump e Jair Bolsonaro, comprometeram-se em março.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, voltou a responder às críticas europeias sobre como o governo Bolsonaro administrou os recentes incêndios na Amazônia.

"Em todo mundo, vemos algumas ideias que questionariam a soberania, no caso do Brasil, de que não podemos enfrentar os desafios ambientais. Não é certo, e nossos amigos nos Estados Unidos sabem que não é certo", disse Araújo, após se reunir com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Para o Brasil, afirmou Araújo, é possível proteger a Amazônia apenas gerando desenvolvimento. Segundo ele, a associação com os Estados Unidos é crucial para isso.

"Queremos estar juntos no esforço de criar desenvolvimento para a região amazônica, o qual estamos convencidos de que é a única forma de proteger realmente a selva. Precisamos de iniciativas, novas iniciativas produtivas, que gerem empregos, que gerem renda para as pessoas na Amazônia. E ali é onde nossa associação com os Estados Unidos será muito importante para nós", acrescentou.

Em entrevista coletiva mais tarde, Ernesto Araújo declarou que o Brasil espera o apoio do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para esta iniciativas.

Pompeo prometeu ampliar o intercâmbio comercial entre Estados Unidos e Brasil, que hoje representa 100 bilhões de dólares anuais.

"Este mês, equipes brasileiras e americanas vão avançar no compromisso que nossos presidentes fizeram em março para um fundo de investimento de impacto de 100 milhões de dólares por 11 anos para a conservação da biodiversidade amazônica. Esse projeto será liderado pelo setor privado", afirmou.

Funcionários americanos disseram que o fundo busca apoiar investimentos em setores de alto risco e de difícil acesso da Amazônia para estimular negócios bem-sucedidos que estejam alinhados com a conservação das matas e da biodiversidade.

Ao anunciar o projeto em março, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) ressaltou que ambos os países buscam o "desenvolvimento econômico responsável" na região.

Bolsonaro e Trump atacaram os esforços internacionais para lutar contra a mudança climática, dizendo que ignoram os interesses das empresas.

No final de agosto, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfureceu Bolsonaro ao colocar a ideia de internacionalizar a preservação da Amazônia, caso o Brasil não consiga garanti-la.

O presidente rebateu a proposta de Macron, afirmando que ele tem uma "mentalidade colonialista".

- "Santo Graal" -Com base na "nova associação" que Trump e Bolsonaro anunciaram em março passado, na Casa Branca, os dois países começaram a negociar um tratado de comércio, recordou Araújo, que na véspera se reuniu com o representante comercial americano, Robert Lighthizer.

"Estamos muito perto do projeto de um acordo comercial", revelou o chanceler, que o descreveu como o "Santo Graal" do setor privado.

Pompeo também se mostrou entusiasmado: "todos os esforços do Brasil dão aos Estados Unidos uma grande confiança para cooperar de novas maneiras. Vamos fazer crescer nossa relação comercial que já representa mais de 100 bilhões de dólares ao ano".

Ernesto Araújo informou ainda que transmitiu a Pompeo o convite de Bolsonaro a Trump para visitar o Brasil, em retribuição à viagem que o presidente brasileiro fez em março aos EUA.

"Estamos trabalhando e espero que ocorra em algum momento em breve", destacou Araújo sobre a visita.

Trump e Bolsonaro, dois presidentes de direita e em sintonia em temas como meio ambiente, comércio mundial e Oriente Médio, estarão juntos na sede das Nações Unidas na Assembleia Geral que começa no dia 24 de setembro.

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