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Merkel considera possível chegar a acordo sobre Brexit em um mês

21/08/2019 17h47

Berlim, 21 Ago 2019 (AFP) - A chanceler alemã, Angela Merkel, acenou para o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, nesta quarta-feira, em Berlim, ao considerar possível que se chegue a um acordo negociado para o Brexit "nos próximos 30 dias".

"Desejo um acordo negociado", declarou a chanceler alemã à imprensa em Berlim, ao receber seu homólogo britânico, que realizou sua primeira visita oficial ao exterior desde que assumiu o cargo, no começo de uma turnê diplomática pela Europa.

As discussões sobre uma saída negociada do Reino Unido do bloco esbarram no mecanismo chamado "salvaguarda irlandesa", previsto no acordo concluído por Londres e pela União Europeia (UE).

Este dispositivo procura garantir que, se não for encontrada uma solução melhor, não volte a se instalar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

O mecanismo teria como consequência a manutenção do conjunto do Reino Unido na união aduaneira com os países da UE até que as duas partes encontrem uma solução para definir sua futura relação pós-Brexit, em um prazo de cerca de dois anos.

No começo da semana, Boris Johnson reforçou que se opõe a esta disposição e pediu para os países da UE retomarem a negociação.

- 'Por que não?' -"Talvez possamos conseguir (encontrar uma solução sobre a futura relação) nos próximos 30 dias, por que não?", indagou a chanceler. Neste caso, a salvaguarda irlandesa seria inútil, acrescentou.

"Teríamos dado um grande passo à frente", declarou, pedindo esforços para conseguir concretizar isso.

"Claro que estou satisfeito" com esta proposta, respondeu Boris Johnson, embora o premiê tenha considerado o calendário de 30 dias "muito apertado".

"Estou muito satisfeito de ouvi-la esta noite, Angela, de ouvir que, pelo menos, pode começar uma conversa sobre o tema", disse.

Johnson reiterou que ele não quer nem ouvir falar da salvaguarda irlandesa. De acordo com ele, o Reino Unido "não pode aceitar" o acordo negociado entre a UE e Londres pois o polêmico mecanismo vai manter o Reino Unido "prisioneiro" dentro do marco legal da UE.

Até hoje, Johnson só tinha recebido desaforos por parte dos principais mandatários europeus sobre este tema, como aconteceu na quarta com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

A Alemanha, um país que tradicionalmente se alinhou com o Reino Unido em matéria econômica da UE nas últimas décadas, teme particularmente os potenciais efeitos de um Brexit "duro".

Na quinta, Johnson será recebido no Palácio do Eliseu por Emmanuel Macron, que até agora defende uma linha mais dura que Angela Merkel sobre o Brexit frente a Londres.

Hoje, o presidente francês afirmou que pediria "esclarecimentos" a Boris Johnson pois seus pedidos de renegociação não são "uma opção possível", mas desejou que as discussões com Londres sejam "o mais amistosas e fraternais" possível.

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