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Nasa prepara fase final de missão para explorar oceano de Europa, lua gelada de Júpiter

Paul Rincon - BBC News

20/08/2019 12h32

Acredita-se que, sob uma espessa camada gelada, a Europa tenha um corpo d'água de 170 km de profundidade, que talvez possam conter condições adequadas para desenvolvimento biológico.

Cientistas responsáveis por uma audaciosa missão ao oceano da lua Europa receberam o aval da Nasa, a agência espacial americana, para a fase final de design e construção da aeronave.

O objetivo é chegar ao gelado satélite do planeta Júpiter, considerado um ponto importante de pesquisas sobre a possibilidade de vida extraterrestre.

A missão Europa Clipper busca investigar "se ela (lua de Júpiter) tem condições adequadas para abrigar vida, aprimorando nossos conhecimentos sobre a astrobiologia", afirmou a Nasa.

Acredita-se que, sob sua camada gelada, Europa tenha um corpo d'água de 170 km de profundidade, que talvez possa conter condições adequadas para desenvolvimento biológico.

Prevista para ser lançada em 2025, a Europa Clipper agora ultrapassa o estágio chamado de Ponto-chave Decisório C, considerado crucial para alcançar o estágio de lançamento.

"Estamos animados com a decisão, que coloca a missão Europa Clipper um passo mais perto de desvendar os mistérios desse mundo oceânico", afirmou Thomas Zurbuchen, administrador-associado do projeto na Nasa.

Desafiando a radiação

A missão pretende confirmar se as interações gravitacionais com Júpiter geram forças de ondas e calor - responsáveis por manter líquido o oceano lunar.

Esse aquecimento talvez, inclusive, cause uma vazão vulcânica no leito da lua. Na Terra, esse sistema de vazão é responsável por permitir uma ampla variedade de formas de vida.

Mas foram necessárias décadas para que a missão Clipper chegasse ao estágio atual, por seus custos e os desafios da exploração espacial ao redor de Júpiter.

O caminho orbital da Europa a leva por cinturões de radiação intensa que estão ao redor do planeta gigante. Essa radiação destrói componentes eletrônicos, fator que limita a duração de missões a meses ou mesmo a poucas semanas.

Por isso, em vez de orbitar Europa, a missão Clipper vai fazer diversos voos próximos a essa lua, para reduzir sua exposição às partículas energéticas do campo magnético de Júpiter.

A espaçonave da missão carregará nove instrumentos científicos, incluindo câmeras e medidores para produzir imagens de alta resolução da superfície lunar, um magnetômetro para medir a força e direção desse campo magnético (dando pistas sobre a profundidade e salinidade do oceano de Europa) e um radar de penetração no gelo.

A camada de gelo pode ter dezenas de quilômetros de espessura. Mas os cientistas estimam haver diversas maneiras de a água do oceano subir até a superfície de Europa.

Nos últimos anos, o telescópio espacial Hubble fez observações experimentais de formações de gelo em erupção abaixo de Europa, assim como na Enceladus, lua gelada de Saturno que também tem um oceano subterrâneo.

Os primeiros esboços das missões para explorar Europa foram concebidos na década de 1990, na época em que dados da espaçonave Galileo ajudaram a reunir indícios de um oceano subterrâneo.

Desde então, no entanto, as propostas de exploração acabaram frustradas.

Mas a Europa Clipper teve uma peça-chave no Congresso americano: o legislador republicano John Culberson, que preside o comitê da Câmara dos Representantes dos EUA que financia a Nasa e canalizou dinheiro para a missão.

Uma missão com pouso de robôs em Europa chegou a ser proposta, mas o pedido de orçamento federal mais recente não incluiu financiamento para essa alternativa.

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