China tenta reprimir os protestos em Hong Kong sem tropas
(Bloomberg) -- A China tem muitas armas para controlar os manifestantes de Hong Kong antes que seja necessário o envio de tropas.
Desde proibir comissários de bordo dissidentes a encorajar cidadãos "patrióticos" a confrontar manifestantes nas ruas, a China descarregou uma vasta gama de poder de fogo contra a oposição da cidade nas últimas semanas.
Embora as autoridades chinesas continuem reafirmando seu compromisso com o "alto grau de autonomia" de Hong Kong, começaram a mostrar poder mais diretamente, já que alguns manifestantes atacaram a sede local do governo central e outros símbolos da autoridade de Pequim.
O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau - a principal agência da China que supervisiona a cidade - realizou três inéditos briefings sobre os protestos e convocou representantes locais para uma reunião a portas fechadas em Shenzhen.
Os movimentos demonstram a capacidade do Partido Comunista de entrar nas políticas da cidade sem recorrer à força militar, mesmo que reforcem argumentos de que o controle local está sendo erodido.
A China também apresentou reclamações diplomáticas formais com países que apoiaram os protestos, acusando os Estados Unidos e o Reino Unido de se intrometerem. Na terça-feira, foi revelado que um trabalhador consular do Reino Unido de Hong Kong foi detido ao retornar de uma viagem ao continente no início deste mês.
A China tem mostrado repetidamente a disposição de usar sua influência no comércio mundial para expressar descontentamento político, como a Coréia do Sul, Canadá, Noruega e outros podem atestar. Hong Kong, que realiza mais de 40% do seu comércio através do continente, é particularmente vulnerável.
Mesmo que Pequim não tenha intenção de mobilizar tropas, pode desencadear um vasto aparato de mídia estatal para elevar o temor de que isso aconteça.
A mídia chinesa divulgou fotos e reportagens de tropas chinesas e forças paramilitares treinando em cenários que lembram os protestos de Hong Kong. As alegações do governo de que os protestos são produto de influência estrangeira, como os EUA e o Reino Unido, são amplamente divulgadas, ajudando a estabelecer o terreno para qualquer intervenção mais direta.
Além disso, as partes mais violentas dos protestos, como bombas de gasolina jogadas em delegacias de polícia ou a destruição de emblemas nacionais, são amplificadas para a maioria dos 1,4 bilhão de cidadãos do continente.
O noticiário frequentemente comparara os protestos a "terroristas" e "desordeiros" - um rótulo usado para justificar a repressão da Praça Tiananmen em 1989. O sistema de censura de Pequim ajuda a garantir que fatores que possam gerar simpatia pelo movimento não sejam mencionados.
©2019 Bloomberg L.P.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.