Ex-presidente sudanês comparece a tribunal para julgamento por "corrupção"
Cartum, 19 Ago 2019 (AFP) - O presidente sudanês destituído Omar al-Bashir, que permaneceu no poder durante três décadas, compareceu nesta segunda-feira a um tribunal de Cartum, onde será julgado por corrupção.
Al-Bashir, deposto pelo exército em 11 de abril após grandes manifestações da população, chegou à corte escoltado por um grande comboio militar.
O ex-presidente, 75 anos, detido em uma prisão de Cartum, foi informado pelo promotor que enfrenta acusações de "posse ilegal de divisas estrangeiras, corrupção e por ter recebido presentes ilegalmente".
No fim de abril, o comandante do Conselho de Transição Militar, general Abdel Fattah al Burhan, anunciou a apreensão do equivalente a 113 milhões de dólares (em diferentes divisas) em espécie na residência de Al-Bashir em Cartum.
Também informou que a polícia, o exército e os agentes de segurança encontraram sete milhões de euros, 350.000 dólares e cinco bilhões de libras sudanesas (93 milhões de euros) durante a operação.
Em maio, o procurador-geral do país anunciou que Al-Bashir também foi acusado por assassinatos cometidos durante as manifestações contra o regime que resultaram em sua queda. Mas ele não informou quando deve começar o processo por esta acusação.
As manifestações, que começaram em 19 de dezembro 2018 para criticar o aumento do preço do pão, se transformaram em protestos contra o governo militar e em uma crise política.
Os protestos continuaram após a queda do ex-presidente para exigir uma transferência de poder aos civis. Finalmente um acordo foi alcançado e assinado no sábado entre os generais no poder e representantes do movimento de contestação.
As acusações mais graves contra Al-Bashir, que dirigiu o país com mão de ferro após o golpe de Estado de 1989, são as apresentadas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia: crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.
De acordo com a ONU, em 16 anos o conflito provocou mais de 300.000 mortos e deixou mais de 2,5 milhões de deslocados.
O TPI exige há vários anos o julgamento de Al-Bashir e renovou o pedido após sua queda.
Em um comunicado publicado na semana passada, a Anistia Internacional advertiu que o processo por corrupção não deveria desviar a atenção das acusações mais fortes que o sudanês enfrenta em Haia.
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