Islândia inaugura placa em homenagem a geleira derretida por aquecimento global
O país vai inaugurar uma placa comemorativa para lembrar Okjökull, nome da geleira que, em 2014, derreteu em consequência das mudanças climáticas e das altas temperaturas.
Jérémie Richard, correspondente da RFI em Reykjavik
Desde 2014, a calota Okjökull está sem uma parte de seu nome e agora se chama apenas Ok: "jökull" significa geleira em islandês. O local perdeu, em um pouco mais de um século, praticamente a totalidade dos 16 km2 de gelo que o recobrem, segundo o especialista em geleiras, Oddur Sigurdsson. "Para que uma geleira esteja em 'boa saúde', a área coberta pelo acúmulo de neve deve representar dois terços da superfície, contra um terço da zona de ablação, provocada pelo derretimento. É evidente que Okjökull não estava em boa forma", explica.
Segundo Sigurdsson, mesmo se a humanidade parasse de poluir a atmosfera hoje, ainda seriam necessários de 150 a 200 anos para que o clima voltasse ao seu ponto de equilíbrio. "Temo que nada possa ser feito para que as geleiras parem de desaparecer", alerta.
Alerta para um caminho sem volta
Esta é a primeira vez na história mundial que uma geleira recebe uma homenagem. A iniciativa foi de Dominic Boyer, professor de Antropologia da Universidade Rice, nos Estados Unidos. "É importante mostrar e reconhecer que as mudanças climáticas já começaram, não pertencem mais ao futuro", diz.
A frase que ilustra a placa, escrito em islandês e inglês, é um alerta. "Esse monumento atesta que nós sabemos o que está acontecendo e o que deve ser feito. Só vocês sabem se fizemos o que deveria ter sido feito", diz o texto. Para a professora de Antropologia Cymene Howe, colega de Boyer, a frase incita o leitor a agir.
Efeito estufa vai acelerar derretimento até 2100
Segundo ela, a cerimônia essa é uma maneira de sensibilizar o público em geral, pouco familiarizado com discussões abstratas e os modelos científicos complexos em torno das questões sobre o clima. Com o aquecimento global, outras 400 geleiras na Islândia podem desaparecer nos próximos 200 anos.
As geleiras de metade dos locais considerados como patrimônio geral da Unesco podem desaparecer até 2100 sem a diminuição da emissão dos gases poluentes, de acordo com um estudo publicado em abril pela União Internacional para a conservação da Natureza (UICN).
Na Islândia, o parque nacional do Vatnajökull, no sul da ilha, inscrito no patrimônio mundial da UNESCO desde julho, é considerada como a maior calota polar da Europa.
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