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ONG declara "estado de necessidade" e não garante segurança de resgatados

17/08/2019 08h10

Roma, 17 ago (EFE).- A ONG Proactiva Open Arms declarou neste sábado que seu navio humanitário está em "estado de necessidade" e que, depois de 16 dias sem poder desembarcar os migrantes resgatados no mar Mediterrâneo, não pode mais garantir a segurança das 134 pessoas que estão a bordo.

"Depois de 16 dias à espera de um porto seguro para desembarcar, de seis evacuações médicas e de ter informado sobre a nossa situação às autoridades, sem que tenhamos obtido nenhuma resposta, estamos em situação de necessidade e não podemos mais garantir a segurança das 134 pessoas a bordo", informou uma porta-voz da ONG espanhola.

O navio Open Arms está proximo ao litoral da ilha de Lampedusa, no sul da Itália, há dois dias, sem autorização para desembarcar os migrantes, enquanto a tripulação denuncia a deterioração da situação a bordo.

Enquanto isso, a Procuradoria da cidade de Agrigento (na ilha italiana da Sicília), abriu na sexta-feira uma investigação pelo suposto crime de sequestro de pessoas e abuso de autoridade - não dirigido contra ninguém concretamente - em relação ao estado do navio.

O objetivo é esclarecer por que os 134 migrantes a bordo do Open Arms continuam bloqueados perto do litoral de Lampedusa, mesmo após a Guarda Litorânea italiana garantir que "não vê impedimentos" para o desembarque dessas pessoas.

Segundo informações deste sábado, a Procuradoria de Agrigento está analisando todos os documentos relacionados ao Open Arms, inclusive uma comunicação enviada pela Guarda Litorânea ao Ministério do Interior na qual pede "urgentemente" uma solução e alega que "não há impedimentos de nenhum tipo para o desembarque".

"Nas próximas horas, é possível que possamos proceder a uma inspeção do Open Arms", afirmou a Procuradoria.

O líder da extrema-direita e ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, segue firme com a postura de impedir o desembarque apesar dos vários pedidos.

"Dia 16. O mundo é testemunha do pesadelo vivido pelas 134 pessoas que aguentam a espera. Só a falta de vontade dos despachos que decidem os separa de um porto seguro", escreveu a ONG espanhola no Twitter.

A publicação rendeu uma resposta de Salvini: "Em 16 dias já teriam chegado tranquilamente à casa de vocês na Espanha. A batalha da ONG é política, não humanitária, jogada sobre a pele dos imigrantes. Vergonha. Eu não me rendo", afirmou.

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou no domingo que os governos de Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo, Portugal e Romênia já transmitiram a disponibilidade para receber uma parte dos resgatados, embora ainda não tenham formalizado publicamente nenhum acordo de realocação. EFE

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