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Epstein passou últimos dias em extensas reuniões com advogados

17/08/2019 16h09

Nova York, 17 ago (EFE).- O magnata Jeffrey Epstein, encontrado morto há uma semana dentro da cela de uma prisão federal em Manhattan, onde aguardava julgamento por tráfico sexual de menores, passou os últimos dias de vida realizando extensas reuniões particulares com advogados, segundo artigo publicado neste sábado pelo jornal "The New York Times".

O empresário dizia odiar a cela em que estava preso, um espaço que, segundo ele mesmo relatava, era apertado, úmido e infestado de bichos e se suicidou por enforcamento, conforme resultado da autópsia feita por legistas de Nova York, divulgado nesta sexta.

De acordo com o artigo "Detento 76318-054: Os últimos dias de Jeffrey Epstein", que cita funcionários da prisão que pediram anonimato, o magnata de 66 anos havia contratado vários advogados para a sua defesa. Eles se reuniam por pelo menos 12 horas por dia, e o empresário, que seria julgado no ano que vem, muitas vezes parecia chateado.

"Foi um trabalho por turnos, projetado por alguém que tinha uma infinidade de recursos para tentar obter a maior comodidade possível", disse ao jornal um dos advogados que o visitava.

O periódico, citando as fontes que obteve na prisão, afirmou também que Epstein fez o possível para evitar ser preso com outras pessoas. Para isso, segundo o texto, transferiu dinheiro para as contas que pelo menos outros três réus têm na loja da prisão, onde compram artigos de primeira necessidade. A prática é comum para se obter proteção.

Fora da cadeia, o empresário levava uma vida de luxo, rodeado de poderosos, e era proprietário de uma ilha no Caribe, assim como de uma mansão avaliada em US$ 56 milhões e de um avião particular. Dentro dela, ao contrário, só tinha direito a uma hora de lazer diariamente e só podia tomar banho a cada dois ou três dias.

Além disso, segundo relato de um dos advogados ao "New York Times", a unidade 9 Sul, onde esperava pelo julgamento, estava infestada de ratos e baratas e os presos precisavam lidar com frequência com vazamento de água, sedimentos fecais e urina devido a falhas nos encanamentos. Epstein reclamava que em alguns casos os roedores comiam papéis dos detentos.

A unidade 9 Sul é a menos restritiva das duas unidades mais seguras do presídio federal de Nova York, que abriga dezenas de reclusos, usualmente em grupos de dois em pequenas celas. Fora as reuniões com os advogados, o contato do empresário com o mundo exterior era muito limitado.

Epstein foi preso no dia 6 de julho quando o seu avião particular aterrissou em Nova Jersey. Depois disso, foi levado a Nova York para enfrentar as acusações do Ministério Público federal e desde então ficou no Metropolitan Correctional Center, em Manhattan.

Tentou, em vão, ficar em liberdade à espera do julgamento. Para isso, ofereceu pagar até US$ 100 milhões de fiança e ofereceu como garantia sua mansão em Manhattan e a própria aeronave.

Na prisão, o magnata raramente tomava banho. O cabelo e a barba estavam descuidados, e ele dormia no chão da cela, em vez da cama beliche, de acordo com o "New York Times".

Aparentemente, Epstein tentou se matar em 23 de julho e entrou no programa de prevenção de suicídio, do qual foi retirado dias depois, a pedido dos advogados. Mesmo assim, deveria ter um companheiro de cela e receber a visita de agentes penitenciários a cada 30 minutos, mas nenhuma dessas determinações foi cumprida no dia em que foi encontrado morto.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos faz duas investigações sobre o caso, uma pelo FBI e outra pelo Gabinete do Inspetor Geral. EFE

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