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Novo chefe do Inpe prometeu não cercear dados do órgão, diz ex-diretor

O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão - Rodolfo Moreira /Futura Press
O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão Imagem: Rodolfo Moreira /Futura Press
do UOL

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

16/08/2019 14h36

Ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o físico Ricardo Galvão afirmou hoje que o novo ocupante do cargo, o militar Darcton Policarpo Damião, prometeu a ele que não irá atuar para censurar os dados divulgados pelo órgão.

Galvão foi exonerado do Inpe após uma troca de farpas pública com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). O episódio envolveu a divulgação de dados de desmatamento pelo Inpe, que apontou um aumento de 278% do desmatamento no Brasil em julho deste ano em comparação ao mesmo mês do ano passado.

"Ele [Damião] veio conversar comigo, foi muito simpático. O que eu fiquei satisfeito foi com a promessa que ele fez, de que os dados do Inpe não serão cerceados. Isso me deixou muito feliz, porque minha preocupação era que o Inpe fosse atingido", disse Galvão a jornalistas antes de participar de um evento na USP (Universidade de São Paulo). Ele falará sobre autonomia e liberdade científica.

Galvão ainda classificou o novo diretor do órgão como uma pessoa "preparada para o cargo". "Ele é oficial da aeronáutica, mas também fez mestrado, no próprio Inpe. E, depois, fez doutorado sobre a questão do desmatamento no Pará", pontuou.

O físico, no entanto, não deixou de expor seu descontentamento com o que chamou de "núcleos" do governo que adotam uma "postura anticientífica".

"Mas essa postura não se estende a todo o governo. Dentro do próprio governo nós temos vários núcleos que entendem que a ciência é importante e que o presidente, infelizmente, está tomando uma posição científica errada", afirmou.

Galvão disse, ainda, ter ficado "muito triste" após participar do programa Painel, da Globo News, junto ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

"Eu saí muito triste do Painel da Globo News ao ouvir um ministro de Estado dizer que todas as instituições científicas brasileiras estavam aparelhadas pela esquerda. Essa é uma acusação vazia e muito séria", afirmou.

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