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Malhação, mapa astral, oração... dá para fazer quase tudo via WhatsApp

A personal trainer Carina Rosin usa o WhatsApp para colocar suas clientes para treinar - Arquivo pessoal
A personal trainer Carina Rosin usa o WhatsApp para colocar suas clientes para treinar Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Marcelle Souza

Colaboração para Tilt, em São Paulo

16/08/2019 04h00

Sem tempo, irmão

  • Brasil é case mundial por ter facilitado o agendamento de serviços pelo WhatsApp
  • Personal trainer atende 40 clientes por mês à distância e de forma personalizada
  • Professora de idiomas dá aula pelo app; áudios, textos e notícias são material didático
  • Tarólogo começou a fazer consultas pelo aplicativo para quem não morava em SP

Sim, a gente adora falar mal do WhatsApp. Das mensagens de "bom dia", das brigas sobre política, da enxurrada de memes. Mas fato é que, nos últimos dez anos, muita coisa ficou mais acessível e prática por conta da troca de mensagens. E o Brasil é case mundial por ter facilitado o agendamento de alguns serviços.

Dá para marcar horário no médico ou no salão de beleza digitando poucas palavras no celular ou entre uma tarefa e outra no computador do trabalho. Discutir problemas da escola dos filhos já não exige reuniões periódicas e presenciais com outros pais. O mesmo serve para as discussões de condomínio. Sem falar nas possibilidades que se abriram de compra e venda de produtos mil.

Mas você já participou de grupo de oração via WhatsApp? Sabe que é possível fazer consulta de tarô pelo app ou resolver a preguiça de malhar com um acompanhamento virtual? Ah, e se estiver atrasado para pegar o ônibus, dá até para pedir no grupo do pessoal do transporte público para o motorista desacelerar um pouco.

Para você que ainda não conhece essas possibilidades, aqui vai uma lista de usos não tão óbvios assim de um dos apps mais queridos dos brasileiros.

Personal trainer

O WhatsApp acabou com a velha desculpa da falta de estímulo para se exercitar. É pelo aplicativo que a personal trainer Carina Rosin, proprietária das empresas Nova em Forma e Você em Forma, chega a atender 40 clientes por mês à distância e de forma personalizada.

Tudo começou quando, há cerca de dois anos, uma médica de Recife, que não conseguia manter uma rotina adequada de exercícios, solicitou os serviços da educadora que até então só atendia presencialmente em São Paulo. Foi aí que, para superar a distância, Rosin decidiu elaborar um material com questionários sobre a rotina e o histórico para avaliar cada cliente, informações detalhadas sobre os exercícios e um guia sobre como acompanhar os resultados (com fotos e medidas).

"Oficialmente, estou disponível de segunda à sexta das 8h às 18h para tirar qualquer dúvida que elas tiverem. Na prática, porém, eu acabo extrapolando e respondo também fora desse horário", diz ela, que já encarou discussões com o marido por conta do tempo que passa no aplicativo.

Quem compra o serviço é adicionado a um grupo no WhatsApp, que serve para o compartilhamento de conteúdo geral, dicas e receitas. "Às vezes as alunas também acabam usando esse espaço para ter força para encarar a preguiça e fazer o treino do dia", diz ela, que tem no público feminino a maior parte da clientela.

Nas conversas privadas, a educadora manda treinos personalizados, elaborados de acordo com o objetivo, a evolução e o condicionamento físico de cada pessoa. Esse também é o canal para que ela pegue no pé de cada um para ver os resultados.

"Quem quer perder peso, que é a maioria, precisa me mandar foto da balança toda semana", conta ela, que garante bronca para quem ganha uns quilinhos no fim de semana.

Segundo o Cref-SP (Conselho Regional de Educação Física de São Paulo), não há regulamentação específica sobre a prestação de serviço via WhatsApp. "O que a gente recomenda é que, por trás dessa ferramenta, tenha um profissional de educação física devidamente registrado e capacitado a atender às necessidades do aluno", diz o presidente do órgão, Nelson Leme da Silva Junior.

Ele explica que o ideal é que o aplicativo seja mais um instrumento de contato com o cliente, e que encontros presenciais periódicos são importantes para garantir um bom atendimento. "Não somos contra a tecnologia, desde que não seja uma regra e que o serviço seja prestado por um profissional registrado, que possa ser cobrado pela sociedade, caso cometa algum erro", afirma.

Estudar um idioma

Débora Mayworm Guerra se achava muito fluente no inglês até embarcar para um intercâmbio na Austrália. "Minha surpresa já começou no avião, porque era difícil entender o que as aeromoças falavam. Quando cheguei no aeroporto de Sydney, me bateu o desespero, eu não compreendia nem 30% do que as pessoas diziam", conta.

E olha que até então ela se sentia superconfiante, tinha feito um curso de idiomas recentemente e achava que ia arrasar no exterior. Débora percebeu que as horas semanais na sala de aula e o foco na gramática não eram suficientes para dominar a língua. Então, quando voltou, decidiu investir nesse nicho e criou um curso de inglês via WhatsApp.

Funciona assim: aluno tem acesso a um professor de segunda a sábado em horário comercial, período em que pode mandar e receber mensagens de áudio e de texto, notícias e imagens.Atualmente, o modelo já é usado por várias escolas de idiomas. Com ele, dá para treinar várias habilidades, e pode ser uma boa ferramenta se você quer ficar afiado em outra língua.

Sermão online

"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 'Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará'. Palavra da Salvação. Glória a vós, Senhor". Assim começa o #minisermão do padre Joãozinho, compartilhado todos os dias às 5h29 para os fiéis que o seguem em um grupo de WhatsApp.

Os versículos curtos da Bíblia são enviados sempre em três formatos (áudio, texto e vídeo), o que torna mais fácil compartilhar o conteúdo com outros amigos pelo próprio app ou salvar o material de interesse no seu celular.

A ideia começou em 2013, quando o padre passou a publicar no Twitter um sermão com 140 caracteres com o evangelho do dia. Em seguida, a mensagem ganhou o WhatsApp, Instagram, Telegram, Facebook e YouTube.

Somados, só o Twitter e o Instagram do padre somam mais de 300 mil seguidores.

Tarô ou mapa astral

Precisa tomar uma decisão importante? Quer saber se o emprego novo vai dar certo? Ou se vai engatar o relacionamento com aquela pessoa que acabou de dar match? Pois saiba que as respostas para essas e outras perguntas podem vir por meio de uma mensagem pelo WhatsApp (se você acredita em astrologia, pelo menos).

andre montovani - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Astrólogo e tarólogo, André Mantovani começou a fazer consultas pelo aplicativo há dois anos. A demanda, diz ele, surgiu dos próprios clientes, que moravam fora de São Paulo, onde ele atende, ou que tinham dificuldade de encontrar um horário na agenda apertada e se deslocar até o consultório.

"Foi uma demanda de mercado, para acompanhar a evolução das tecnologias. Eu já tinha um trabalho semelhante via email, mas com o WhatsApp facilitou", diz Mantovani. "Uma coisa legal é que pelo aplicativo a pessoa ouve a minha voz, sentem a minha emoção, entende que é de verdade, então o atendimento fica mais próximo".

Ele garante que a eficácia da consulta online é tão grande quanto a presencial, "porque o tarô e a astrologia são leituras simbólicas que podem ser feitas à distância". Para isso, é preciso enviar os dados pessoais (nome completo e data de nascimento) e as questões que deseja responder.

Há, no entanto, algumas limitações. Isso porque o atendimento pelo WhatsApp é mais curto e responde a apenas duas questões bem objetivas.

Não perca o ônibus

Era para ser apenas um post despretensioso, mas acabou movimentando o Twitter. O blogueiro Felipe Fagundes publicou uma descoberta que tinha feito:

Imediatamente, o texto foi replicado, curtido e comentado por um monte de gente. De um lado, estavam os que contavam histórias engraçadas do seu próprio grupo do busão. Do outro, os que se sentiam excluídos por não fazerem parte de nenhum.

Além de festas diversas (chá de lingerie, aniversários, festa junina e Natal), os grupos de ônibus servem para você conhecer o pessoal que te acompanha todos os dias e, de quebra, te ajuda quando rola um atraso ou com um lugar especial para sentar.

Menos de uma semana depois, a publicação original já tinha mais de 30 mil curtidas. E foi o pontapé para muitos grupos do tipo serem criados.

Comprar dólar ou cuidar do seu dinheiro

Vai viajar e deixou para comprar moeda estrangeira na última hora? Saiba que várias corretoras já disponibilizam um número de WhatsApp para quem precisa de dinheiro em papel, quer carregar o cartão pré-pago ou precisa fazer uma remessa para o exterior.

Por esse canal de atendimento, é possível fazer cotação e, depois de enviar o comprovante da transferência, receber o valor negociado da forma que você preferir (recarga ou motoboy, por exemplo).

Mas se você prefere aplicar o seu dinheiro em títulos ou ações, saiba que algumas empresas oferecem boletins informativos, assessoria e de investimentos e alertas via WhatsApp. Dá para conversar com um especialista e tirar dúvidas. No caso de contas correntes, alguns bancos já disponibilizam o mensageiro para consultar saldos, limites, lançamentos e encontrar a agência mais próxima.

Nesses casos, para evitar dor de cabeça lembre-se de consultar no site do Banco Central se a corretora está habilitada para o mercado de câmbio ou de títulos e se o seu banco disponibiliza mesmo o serviço.

Fale com o seu médico

Além de marcar consultas pelo WhatsApp, muitos pacientes usam e abusam do aplicativo para tirar dúvidas com os seus médicos. Talvez você nunca tenha pensado se isso é permitido. Mas, segundo o Conselho Federal de Medicina, a troca de informações entre pacientes e médicos é legal quando se tratar de pessoas já recebendo assistência, assim como acontece com as consultas por telefone "para elucidar dúvidas, tratar de aspectos evolutivos e passar orientações ou intervenções de caráter emergencial".

O aplicativo, no entanto, não deve "substituir as consultas presenciais e aquelas para complementação diagnóstica ou evolutiva a critério do médico".

Em parecer de 2017, o CFM também trata de outra prática comum: os grupos de médicos no WhatsApp. Eles são instrumentos interessantes de trocas de informações entre profissionais que atuam em diferentes áreas e têm distintos níveis de experiências. Funciona mais ou menos como um grupo de estudos de caso. Só que, assim como presencialmente, há regras para essas trocas de mensagens.

O CFM diz que o intercâmbio é permitido desde que o grupo tenha apenas médicos e mantenha sigilo sobre o paciente. "Para evitar demandas relacionadas à quebra de sigilo e a segurança das informações é preciso deixar claro que os assuntos médicos sigilosos não podem ser compartilhados em grupos de amigos".

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