Alemão ou italiano? A briga de idiomas no norte da Itália
Os "Schutzen" cobriram 600 placas e sinalizações da província com uma faixa com a inscrição "deutsch nicht amtlich seit 97 Jahren" ("não oficial há 97 anos", na tradução livre). A faixa foi colocada em placas que já estavam em alemão, justamente para ressaltar que cerca de 75% dos moradores de Alto Adige falam alemão diariamente, mas não há uma lei para regulamentar a questão toponomástica.
A província autônoma de Bolzano/ Bozen tem o bilinguismo tutelado por lei, que oficializa escolas de italiano e alemão, além de permitir que cada morador escolha o idioma preferido para se comunicar em repartições públicas.
No entanto, a nomenclatura de lugares não é regulamentada.
Depois da anexação do Alto Ádige, da Áustria, pela Itália no fim da Primeira Guerra Mundial, o fascismo aboliu a toponomástica em alemão. Já depois da Segunda Guerra Mundial, a toponomástica alemã foi retomada, mas sem uma lei que a reconhecesse oficialmente e em meio a uma divisão cultural marcante. O partido do governo local, o Südtiroler Volkspartei, que representa os interesses do grupo linguístico alemão, chegou a aprovar em 2012 uma norma que oficializada os termos em alemão, mas declinando o uso dos nomes em italiano. Com o risco de que o nome de locais famosos, como a "Vetta d'Italia" (Glockenkarkopf), desaparecessem dos livros de geografia, a norma foi derrubada no último dia 13 de abril pela Corte Constituição. O protesto dos "Schutzen" acontece hoje devido ao aniversário de Ettore Tonomei. Nascido em 16 de agosto de 1865 e desaparecido em maio de 1952, ele é o autor do prontuário de topônimos de Alto Ádige e considerado um dos expoentes do irredentismo italiano. "Nesta ferida aberta da nossa história, as associações de turismo e as empresas jogam sal usando a obra de Tolomei e outras invenções pseudo-italianas", disse, em nota, o líder da associação Schutzen, Jurge Wirth Anderlan.
O protesto, porém, foi criticado pelo conselheiro regional de Alto Ádige, Alessandro Urzi. "Trata-se de uma provocação gravíssima. Os Schutzen querem passar ao público a ideia de que a comunidade alemão é a pobre vítima que não tem sua toponomástica oficial, além de apontar o dedo contra os italianos do Alto Ádige, que, por sua vez, têm o direito de usar a própria língua em sua casa. Nós somos a favor da plena atuação do bilinguismo, sem favorecer nem uma parte nem outra", disse.
(ANSA)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.