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Podemos exige papel maior no governo espanhol para apoiar Sánchez como primeiro-ministro

22/07/2019 18h18

Por Belén Carreño e Emma Pinedo

MADRI (Reuters) - O Partido espanhol de extrema-esquerda Podemos exigiu nesta segunda-feira cargos de maior importância no governo, aumentando a aposta às vésperas da votação de confirmação do socialista Pedro Sánchez no cargo de primeiro-ministro após políticos de ambos os lados terem dito que um acordo estava próximo. 

Quase três meses após uma eleição nacional inconclusiva deixar os socialistas como o partido mais representado no Parlamento, mas sem a maioria, o Legislativo começou uma semana de debates e votações que irá determinar se Sánchez tem o apoio que necessita dos parlamentares para ser confirmado como o líder da Espanha. 

Ele provavelmente não deve ganhar a primeira votação de terça-feira, que necessitaria de maioria absoluta. Mas a aprovação em uma segunda votação na quinta-feira, para a qual precisa apenas de uma maioria simples, está a seu alcance se os socialistas e o Podemos chegarem a um acordo. 

Entretanto, o Podemos ainda não estava satisfeito com a última proposta do Partido Socialista, que consistia em alguns cargos de gabinete menores e não especificados. 

"Respeitem nossos eleitores e não nos ofereça meros cargos decorativos em seu governo, nós não iremos aceitar", disse o líder Pablo Iglesias, depois que as conversas entre os partidos terminaram sem acordo. 

Ele disse, no entanto, que seu partido quer estar no governo e negociaria mais. Líderes de oposição da direita já falam de uma coalizão de esquerda como um acordo fechado. 

Os sorrisos no início do dia deram lugar a expressões reservadas de preocupação entre parlamentares e membros dos dois partidos após as ocasionais trocas de declarações tensas entre Sánchez e Iglesias no Parlamento. 

Mais cedo, Sánchez havia apresentado planos para um governo de esquerda que seria focado em geração de empregos, direitos para mulheres e proteção ao meio-ambiente. 

"O que nos une é a promessa da esquerda, de progresso ambientalmente sustentável e da distribuição justa desse progresso", disse, sinalizando que um acordo com o Podemos estaria próximo, antes de dizer depois que as negociações estavam sendo difíceis. 

Mesmo combinados, os socialistas e o Podemos ainda não atingem uma maioria parlamentar, o que significa que eles precisarão do apoio de partidos menores regionais para governar em uma paisagem política cada vez mais fragmentada. 

A Espanha está em um limbo político desde a votação de 28 de abril, e até alguns dias atrás uma nova eleição parecia cada vez mais provável, já que as negociações entre os socialistas e o Podemos tinham fracassado.

Mas concessões de última hora dos dois lados deixaram membros bem informados dos partidos confiantes de que um acordo para compor o que seria o primeiro governo de coalizão da história espanhola recente será fechado nesta semana.

“Não existem mais desculpas para não se fechar um acordo. Os eleitores não entenderiam isso”, disse um parlamentar do Podemos que falou sob a condição de anonimato, já que as conversas sobre a coalizão ainda estão em andamento.

Na semana passada o líder socialista desistiu de sua oposição à formação de um governo de coalizão, enquanto Iglesias --que apoia um referendo sobre a independência da Catalunha que não é apoiado por Sánchez-- concordou em não buscar um cargo no gabinete, o que havia sido exigido por Sánchez. 

O tema da Catalunha esteve ausente do discurso de Sánchez, o que foi motivo de críticas por muitos partidos. 

Dada a complicada aritmética parlamentar e as dificuldades enfrentadas pelos socialistas e o Podemos para atingir um acordo, partidos de direita começaram a se perguntar sobre a longevidade de uma nova coalizão de esquerda. 

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