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Agressões a manifestantes agravam crise em Hong Kong

22/07/2019 18h19

Hong Kong, 22 Jul 2019 (AFP) - A agitação crescia em Hong Kong nesta segunda-feira (22), um dia depois dos violentos ataques contra manifestantes pró-democracia que deixaram dezenas de feridos e agravaram a crise que abala a antiga colônia britânica.

A onda de protestos começou em 9 de junho neste centro financeiro internacional, e no domingo, pelo sétimo final de semana consecutivo, houve grandes manifestações.

Mas quando os manifestantes voltavam para casa, um grupo de pessoas, mascaradas e armadas com porretes e barras de metal, a maioria vestindo camisetas brancas, atacaram vários manifestantes em uma estação de trem em Yuen Long, no norte de Hong Kong

Várias pessoas foram espancadas, incluindo jornalistas que transmitiram tudo ao vivo. De acordo com fontes médicas, 45 pessoas ficaram feridas, incluindo uma em estado crítico e cinco em estado grave.

A polícia da ex-colônia britânica devolvida à China em 1997 foi muito criticada por ter levado mais de uma hora para chegar ao local, apesar dos pedidos de ajuda e por não ter prendido ninguém, apesar dos agressores permanecerem nas proximidades da estação até a madrugada.

Um porta-voz da polícia informou mais tarde que seis homens foram detidos por "reunião ilegal", dos quais alguns teriam vínculos com grupos criminoso que atuam em Hong Kong e no continente.

Imagens transmitidas no Facebook mostraram homens vestindo camisas brancas fugindo do local em veículos que tinham placas chinesas.

- Grupos criminosos -Lam Cheuk-ting, um deputado democrata ferido no rosto e nos braços, criticou a reação da polícia e culpou as chamadas tríades, gangues criminosas de origem chinesa que operam na China e em Hong Kong.

"Essas manobras bárbaras e violentas superam completamente a linha vermelha da sociedade civilizada de Hong Kong", disse.

O ataque alimentou o medo de que as tríades (grupos criminosos) comecem a interferir na crise política.

"Nós temos tríades espancando moradores de Hong Kong. E vocês fingem que nada está acontecendo?", disse outro deputado, Alvin Yeung, referindo-se ao governo.

O chefe de polícia, Stephen Lo, defendeu suas tropas e disse que naquele momento seus agentes estavam mobilizados nos protestos.

"Temos problemas de pessoal", disse ele, chamando de "difamação" as acusações de uma colaboração entre a polícia e as tríades. Ele acrescentou que os agressores serão procurados.

A área de Yuen Long está localizada perto da fronteira com a China, onde gangues criminosas e comitês rurais pró-Pequim são muito influentes.

Hong Kong é palco de imensas manifestações contra o governo local pró-Pequim, que em algumas ocasiões levou a incidentes violentos entre a polícia e manifestantes radicais.

O movimento de contestação começou com a rejeição a um projeto de lei, agora suspenso, que autorizava extradições para a China continental. Mas os manifestantes agora exigem uma anistia para os detidos, o sufrágio universal e a renúncia da chefe do executivo local, Carrie Lam.

Em seguida, os protestos passaram a exigir que as liberdades democráticas fossem mantidas, particularmente a liberdade de expressão e a independência da justiça, desfrutada por Hong Kong e deve permanecer até 2047 conforme o acordo de retrocessão. Mas muitos julgam que estão se desgastando.

- Trump elogia resposta da China -O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou como Pequim tem lidado com os protestos pró-democracia em Hong Kong, durante uma reunião na Casa Branca, com o primeiro-ministro paquistanês, Irman Khan, ao afirmar que o presidente chinês, Xi Jinping, agiu "com responsabilidade".

"Não estou muito envolvido, mas acho que o presidente Xi agiu de forma responsável e muito responsável", disse Trump, que ainda tenta resolver um conflito comercial com o gigante asiático que começou no ano passado.

"Nunca vi protestos como esses, com tanta gente. Parecem dois milhões de pessoas", disse Trump.

"Espero que o presidente Xi faça a coisa certa, mas isso tem se prolongado por muito tempo, sem dúvida", acrescentou.

- Agressão ao 'povo chinês' -No momento das agressões em Yuen Long, a polícia enfrentava manifestantes radicais no centro de Hong Kong.

A polícia de choque lançou gás lacrimogênio e balas de borracha contra manifestantes que atacaram a representação do governo chinês em Hong Kong.

Vários manifestantes - muitos deles com rostos mascarados - jogaram ovos e picharam o local

No início de julho, os opositores invadiram o parlamento de Hong Kong.

Wang Zhimin, chefe da representação chinesa, denunciou a ação como um insulto "a todo o povo chinês".

Apesar da crise, nem o governo de Hong Kong nem Pequim parecem dispostos a mudar de rumo.

A chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, condenou tanto o ataque à representação chinesa quanto as gangues, declarando que a cidade inteira estava "escandalizada".

"Nós não aprovamos esse tipo de violência", disse.

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