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Morre procurador que conduziu operação "Mãos Limpas" na Itália

O procurador italiano Francesco Saverio Borelli, da operação Mãos Limpas, em entrevista coletiva no Maksoud Plaza, em São Paulo - Monica Vendramini/Folha Imagem
O procurador italiano Francesco Saverio Borelli, da operação Mãos Limpas, em entrevista coletiva no Maksoud Plaza, em São Paulo Imagem: Monica Vendramini/Folha Imagem

Roma

20/07/2019 09h18

O ex-procurador Francesco Saverio Borrelli, encarregado de conduzir a operação Mãos Limpas, que realizou uma série de investigações sobre uma enorme rede de corrupção na Itália na década de 1990, morreu hoje, aos 89 anos, segundo a imprensa italiana.

Borrelli estava há muito tempo internado em no Instituto Nacional de Tumores de Milão, onde morreu.

O atual procurador-geral de Milão, Francesco Greco, lembrou de Borrelli como um magistrado que "fez história" na Itália, enquanto o presidente da Comissão Antimáfia, Nicola Morra, o citou como exemplo da "justiça que não se curva diante do poder político".

Borrelli é lembrado por ter chefiado a Procuradoria-Geral de Milão e comandar a equipe de investigadores que, com Antonio Di Pietro à frente e como símbolo, conduziram a operação "Mãos limpas" (1992-1999), descobrindo um verdadeiro sistema corrupto entre a política e o mundo empresarial.

Um escândalo conhecido como "Tangentopoli" (a cidade das comissões ilegais) que arrasou a vida pública italiana nos anos 90 e acabou liquidando a classe política que governou o país desde o pós-guerra, a Democracia Cristã e o Partido Socialista.

A Mãos Limpas começou formalmente em 17 de fevereiro de 1992 com a detenção de um político de segundo escalão que presidia o maior asilo de Milão, o socialista Mario Chiesa, surpreendido enquanto embolsava uma comissão de US$ 3.500.

Suas confissões revelaram uma rede de pagamentos ilegais aos partidos que levou até o ex-primeiro-ministro e secretário do Partido Socialista Bettino Craxi, que acabou fugindo da Justiça se refugiando na Tunísia até a sua morte, em 2000.

Craxi, assim como seu amigo Silvio Berlusconi, denunciou que as investigações eram um complô de juízes comunistas, os "togas vermelhas".

O filho do ex-primeiro-ministro, Bobo Craxi, criticou hoje Borrelli e o acusou de ter perpetrado "um golpe de Estado" com suas investigações: "Teve a função de guiar uma subversão institucional entre um poder do Estado contra outro", disse.

A última etapa de Borrelli na magistratura foi como chefe do departamento de investigação da Federação Italiana de Futebol desde 2006, trabalhando nas apurações de supostas fraudes que envolveram várias equipes do Campeonato Italiano.

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