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Palocci diz que bancos deram R$ 50 milhões ao PT em troca de favores

19/07/2019 09h41

Ex-ministro dos governos de Lula e Dilma diz que instituições como Bradesco, Safra, Itaú e Banco do Brasil negociavam acesso a informações privilegiadas sobre taxa de juros. Bancos negam acusações.Antonio Palocci, ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou relatou em seu acordo de delação que alguns dos maiores bancos do Brasil fizeram doações para campanhas eleitorais do PT em troca de favores durante os governos do partido.

Segundo trechos da delação divulgados nesta sexta-feira (19/07) pelo jornal O Globo, Palocci mencionou na delação os bancos Bradesco, Safra, BTG Pactual, Itaú, Unibanco e Banco do Brasil. Essas instituições buscavam vantagens como a defesa do governo dos seus interesses e informações privilegiadas sobre mudanças na taxa básica de juros Selic. Em troca, os bancos, segundo Palocci, fizeram doações eleitorais de 50 milhões de reais para campanhas do PT.

Segundo relatou o ex-ministro, ele e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega repassavam essas informações aos executivos dos bancos durante reuniões num escritório na Avenida Paulista.

Palocci ainda relatou uso indevido do BNDES para ajudar em fusões empresariais, como a injeção atípica de 2,4 bilhões de reais na empresa Aracruz Celulose em 2008 para facilitar a venda do negócio ao grupo Votorantim. O grupo Safra também estava envolvido nesse negócio. Ainda segundo Palocci, em troca da ajuda, os grupos Safra e Votorantim acabaram fazendo doações para o PT e para as campanhas da ex-presidente Dilma Rousseff entre 2010 e 2014.

Ao jornal O Globo, os bancos e empresas mencionados por Palocci contestaram as afirmações do ex-ministro. O PT também repudiou as acusações do seu ex-correligionário. A defesa de Guido Mantega e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disseram que Palocci está mentindo.

Essa delação premiada havia sido proposta pelos advogados de Palocci ao Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba, que a rejeitou por considerar que não havia provas suficientes. O ex-ministro buscou então a Polícia Federal (PF), que formalizou o acordo em 2018. Os anexos da delação envolvendo os bancos estão sob sigilo.
O acordo foi homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região em junho de 2018 e, posteriormente, em novembro pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

Em junho, a Palocci foi alvo de uma denúncia da Justiça Federal em Brasília, juntamente como ex-presidente Lula e o ex-ministro Paulo Bernardo, pelo crime de corrupção passiva por supostamente ter recebido propina da empreiteira Odebrecht em troca de favores políticos.

RC/ots

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