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Corte de juros poderia abalar união do Fed em torno de Powell

Steve Matthews

18/07/2019 15h13

(Bloomberg) -- Jerome Powell enfrentou o menor número de opiniões contrárias do que qualquer presidente do Federal Reserve nos últimos 68 anos. Mas essa unidade - forjada em face dos repetidos ataques do presidente Donald Trump - poderia ser abalada diante dos planos do banco central dos EUA de reduzir os juros pela primeira vez desde 2008.

Pelo menos dois diretores do Fed poderiam discordar, ou votar contra a maioria, na reunião de 30 e 31 de julho, se Powell pressionar por uma redução da taxa como esperado, segundo economistas. Esses dois votos contrários poderiam ser da presidente do Fed de Kansas City, Esther George, e do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren. O governador Randal Quarles também poderia se juntar ao grupo, mas seria mais improvável.

Dois outros presidentes regionais do Fed, Raphael Bostic, de Atlanta, e Thomas Barkin, de Richmond, demonstraram ceticismo na semana passada em relação a um corte dos juros, porque o desemprego está em baixa e a economia parece sólida, o que reflete o aprofundamento das divergências entre os 17 membros do Fed. Nenhum deles vota este ano, mas terão oportunidade de expressar suas opiniões durante a reunião.

"As divergências prejudicam marginalmente a credibilidade e a mensagem do Fed", disse Michelle Meyer, economista-chefe para EUA do Bank of America Merrill Lynch. "Se as divergências se mostrarem persistentes, os mercados começarão a duvidar da capacidade do Fed de conduzir uma política apropriada".

Desde que assumiu o comando do Fed, em fevereiro de 2018, Powell sofreu apenas um voto contrário: do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que defendia um corte de 0,25 ponto percentual no mês passado. Essa é a menor porcentagem de votos contrários entre todos os presidentes do Fed desde que Thomas McCabe liderou o banco central entre 1948 a 1951. Em contraste, 7% dos votos foram contrários aos predecessores imediatos de Powell: Janet Yellen e Ben Bernanke.

A solidariedade provavelmente foi reforçada pelo ataque público sem precedentes de Trump contra o aumento dos juros pelo Fed no ano passado. O presidente chegou a investigar se poderia demitir ou rebaixar o cargo de Powell, escolhido por ele para liderar o banco central, segundo reportagem da Bloomberg. A disputa pode ajudar a persuadir qualquer diretor do Fed que esteja em cima do muro a acompanhar Powell, como uma demonstração de apoio à independência do banco central dos EUA.

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