Topo
Notícias

Brasil se beneficia mais que EUA de demanda chinesa por carnes

Gerson Freitas Jr.

18/07/2019 16h48

(Bloomberg) -- Os produtores de carnes do Brasil estão se beneficiando mais do que os rivais americanos de um aumento da demanda na China, decorrente da epidemia de febre suína que está dizimando os plantéis do país asiático.

No Brasil, os preços da carne suína e de frango dispararam desde agosto, quando a China registrou os primeiros surtos da doença. Nos Estados Unidos, os produtores de carne de porco enfrentam as menores cotações em uma década para esta época do ano.

Os Estados Unidos sentem o efeito da guerra comercial com a China, que aplica uma tarifa de 62% sobre seus embarques de carne suína. O resultado é que países como Brasil e Romênia conseguem oferecer a proteína a um custo mais baixo, de acordo com Dhamu Thamodaran, chefe de estratégia e de hedge da produtora Smithfield Foods. Além disso, o frango americano segue banido por Beijing após um episódio de gripe aviária em 2015.

"A falta de um acordo comercial entre Estados Unidos e China está pesando sobre os preços dos produtos americanos", afirma Leandro Fontanesi, analista do setor de carnes do Bradesco.

O preço da carne suína no Brasil subiu mais de 60% em dólares desde agosto, alcançando o maior nível desde 2014 para esta época do ano. O frango está até 23% mais caro, também no maior patamar sazonal em cinco anos, enquanto a carne bovina subiu cerca de 8%. China e Hong Kong tornaram-se o principal destino das exportações brasileiras de carne em 2019, capturando cerca de metade dos embarques de suínos, 38% da carne bovina e 18% do frango.

O impacto das exportações sobre os preços domésticos foi maximizado por uma produção mais fraca após uma forte crise no setor, explica Mauricio Nogueira, sócio-diretor da Athenagro, empresa de consultoria sediada em São Paulo.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, um aumento no plantel de suínos criou um excesso de oferta. Quanto mais durarem as tensões comerciais entre Washington e Pequim, mais permanente será a mudança nos fluxos comerciais de produtos agrícolas, disse David Dines, diretor financeiro da Cargill na semana passada.

--Com a colaboração de Isis Almeida, Lydia Mulvany, Tatiana Freitas e Michael Hirtzer.

Para contatar o editora responsável por esta notícia: Patricia Xavier, pbernardino1@bloomberg.net

Notícias