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Talibãs obrigam fechamento de 42 clínicas de ONG sueca no Afeganistão

17/07/2019 13h48

Cabul, 17 jul (EFE).- Os talibãs obrigaram o Comitê Sueco para o Afeganistão (SCA, na sigla em inglês) a fechar 42 centros de saúde que ofereciam atendimento a milhares de habitantes na província conflituosa de Maidan Wardak, no centro do Afeganistão, denunciou nesta quarta-feira a própria ONG.

A imposição dos talibãs aconteceu depois que um dos centros de saúde administrados pelo SCA, situado dentro de uma área controlada pelos insurgentes, foi atacado na semana passada pelas forças de segurança afegãs durante à noite.

Na operação militar, quatro pessoas, entre elas funcionários do centro de saúde, morreram e outra está desaparecida.

"Após o ataque das Forças Nacionais Afegãs de Defesa e Segurança (ANDSF, na sigla em inglês) em Wardak ao Comitê Sueco para o Afeganistão, os talibãs obrigaram o SCA a fechar todas as clínicas de saúde e um hospital na província de Wardak", informou a organização em comunicado.

Os talibãs enviaram no domingo uma advertência para que as clínicas de saúde fossem fechadas, disse à Agência Efe Ahmad Khalid, um porta-voz do SCA.

Embora a ONG opere em 14 das 34 províncias afegãs, ela oferece serviços de saúde apenas em Maidan Wardak, enquanto em outros locais trabalha com outros tipos de assistência humanitária.

O porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, confirmou à Efe a decisão sobre o fechamento dos centros de saúde do SCA na província.

"O Comitê Sueco não conta com políticas e medidas adequadas para proteger seu pessoal e centros de saúde contra ataques noturnos" das forças afegãs e estrangeiras, disse Mujahid.

"Permitiremos (ao SCA) que retomem as suas atividades só se o Comitê Sueco revisar sua política de segurança para seu pessoal e a proteção de seus centros de saúde; caso contrário, temos que buscar alternativas", explicou o porta-voz.

Mais de 5.700 pacientes serão afetados diariamente pelo fechamento, incluindo 1.100 crianças menores de cinco anos e 220 pacientes da maternidade, segundo dados da ONG.

"Negar às pessoas o tratamento médico e serviços de saúde é uma violação clara dos direitos humanos", declarou o diretor do SCA para o Afeganistão, Sonny Mansson.

Manson exigiu a "reabertura imediata" de todos os estabelecimentos e pediu a todas as partes em conflito que "se abstenham de ações que põem deliberadamente em risco a vida dos civis".

A proibição dos serviços de saúde do SCA agrava a situação de acesso à saúde dos afegãos depois que os talibãs proibiram no início de abril o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Organização Mundial da Saúde de operarem no país.

Em 2019, 77 trabalhadores humanitários foram assassinados, feridos ou sequestrados no Afeganistão, um aumento significativo em comparação com os 76 registrados em todo o ano de 2018, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês). EFE

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