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Bolsonaro diz que Mercosul vai ter mais ação e menos viés ideológico

do UOL

Talita Marchao

Do UOL, em Santa Fé (Argentina)

17/07/2019 13h16Atualizada em 17/07/2019 14h19

Em seu primeiro discurso na cúpula do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o bloco terá "menos discurso e mais ação, sem ideologia e mais resultados". O Brasil assume hoje, de forma oficial, a presidência rotativa do bloco pelos próximos seis meses.

"Quero aproveitar para para firmar o compromisso do meu governo para com a modernização e abertura do nosso bloco, fazendo dele um instrumento de comércio com o mundo sem o viés ideológico que eu tanto critiquei enquanto parlamentar", disse o presidente em seu discurso. "Vencemos essa barreira e a conclusão do acordo com a União Europeia é resultado dessa nova orientação", afirmou.

Bolsonaro chamou o acordo de "primeiro passo para a abertura do Mercosul para o mundo" e que cada um dos países do Mercosul "cedeu um pouco" para o fechamento do acordo, "para o bem de nossos povos". "Macri foi 'dez' por todos nós lá em Osaka", disse o presidente brasileiro, ao elogiar os esforços do argentino nas negociações e mencionando o anúncio feito durante a cúpula do G20 na cidade japonesa. O governo de Michel Temer (MDB) também foi citado como responsável pelo andamento das negociações.

Paulo Guedes, ministro da Economia, estava sentado ao seu lado e foi chamado de "querido" durante o pronunciamento. O presidente fez uma menção à economia brasileira e à reforma da Previdência, dizendo que é "como uma quimioterapia, mas necessária para que o corpo possa sobreviver".

Bem-humorado, ainda fez referências aos colegas latino-americanos. Disse que estava com saudades do presidente boliviano, Evo Morales, e brincou com o presidente chileno, Sebastián Piñera, que chegou atrasado ao evento. Afirmou que o problema do Chile era com o Peru --a seleção peruana recentemente eliminou a chilena na Copa América, mas os dois países têm questões diplomáticas sobre fronteiras.

Sem falar abertamente de Macri, Bolsonaro fez campanha velada pela reeleição do presidente argentino. "Não queremos em nenhum outro país da América do Sul o que vem acontecendo com a nossa Venezuela. A gente pede a Deus que nos dê forças, inteligência e que o destino da Venezuela seja o nosso hoje em dia: democracia, liberdade e prosperidade", disse. "Não entendemos como um país tão rico como a Venezuela chegar ao ponto onde chegou."

"A gente apela para as pessoas de bem de todos os países a responsabilidade do voto de cada um de nós para que aquele que realmente tenha compromisso com a liberdade, com a democracia e com a prosperidade possa ocupar esse cargo majoritário na sua respectiva nação. Não há entre nós espaço para regimes autoritários."

Protesto Bolsonaro - Carolina Niklison/Reuters - Carolina Niklison/Reuters
Manifestantes seguram boneco e cartazes contra a presença de Jair Bolsonaro em Santa Fé, na Argentina
Imagem: Carolina Niklison/Reuters

Rapidamente citou sem nomear seu filho Eduardo Bolsonaro, indicado para ser embaixador nos Estados Unidos: "Compartilhamos aqui entre nós que, para cumprir com seu papel de motor do desenvolvimento, o nosso bloco deve concentrar-se em três áreas: as negociações externas, com grande apoio do meu ministro das Relações Exteriores, no zelo das indicações das embaixadas, também sem mais o viés ideológico do passado. E quem sabe um grande embaixador nos Estados Unidos brevemente", disse, sorrindo e arrancando risos do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez.

Terminou dizendo que era o momento de "nos desligarmos do nosso passado", fazer do "século 21 o século da América do Sul" e citou Deus. "Que Deus abençoe a América do Sul."

Antes, Macri afirmou, em seu discurso de transmissão da presidência do bloco, que queria que o Mercosul fosse um bloco aberto e competitivo e pediu solidariedade com o povo venezuelano que sofre uma crise sem precedentes.

A cúpula acontece em Santa Fé, na Argentina. Ontem reuniu chanceleres de todos os participantes do Mercosul: Uruguai, Argentina, Brasil e Uruguai, além de membros associados como Chile, Bolívia e Peru. A Venezuela está suspensa do bloco desde 2016.

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