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Número de mortes associadas a aids tem queda de um terço em relação a 2010

16/07/2019 20h39

Paris, 16 Jul 2019 (AFP) - O número de mortes relacionadas com a aids no ano passado caiu a 770.000, um terço a menos que em 2010, anunciou nesta terça-feira a ONU, que fez uma advertência sobre a estagnação dos esforços mundiais para erradicar a doença com a redução do financiamento.

Mais de três em cada cinco soropositivos no mundo - 23,3 milhões de 37,9 milhões - recebem tratamentos antirretrovirais, uma proporção recorde, afirma Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids) em seu relatório anual.

Os tratamentos, que permitem não transmitir o vírus da aids quando tomados corretamente, alcançam 10 vezes mais pacientes do que em meados da década passada.

O número de mortes do ano passado foi um pouco inferior ao registrado em 2017 (800.000) e um terço menor que o balanço de 2010 (1,2 milhão). E está muito abaixo da hecatombe de 2004, quando o vírus da aids matou 1,7 milhão de pessoas.

O número de novas infecções permanece estável na comparação com os anos anteriores (1,7 milhão).

As cifras globais escondem, no entanto, grandes diferenças regionais, destaca a Unaids, que adverte que a luta contra a doença não avança a um ritmo suficiente.

Em geral, a queda do número de mortes e o maior acesso aos tratamentos são explicados pelos avanços registrados no sul e leste da África, o continente mais afetado pela doença.

Em outras partes do mundo, alguns indicadores são preocupantes.

No leste da Europa e na Ásia central o número de novas infecções disparou 29% desde 2010. O número de falecimentos em consequência da aids também aumentou 5% nestas regiões e 9% no Oriente Médio e norte da África, nos últimos oito anos.

No caso da América Latina, a taxa de novos contágios do vírus da aids subiu 7%. Proporcionalmente, o Chile é, com 34%, o país da região onde mais aumentou o número de casos, seguido por Bolívia (22%), Brasil e Costa Rica (21%).

Cerca de 71.000 pessoas são portadoras do HIV no Chile, das quais 10.000 não conhecem sua condição e 45.000 estão em tratamento, informou o Ministério da Saúde do país.

El Salvador é o país que mais reduziu o número de contágios, com 38%, seguido por Nicarágua (29%), Colômbia (22%) e Equador (12%).

- Redução do financiamento -A Unaids adverte em seu relatório que o financiamento para eliminar a doença está em queda.

"Pela primeira vez desde 2000 os recursos disponíveis para a luta global contra a aids caíram", alertou Gunilla Carlsson, diretora interina da Unaids após a saída de Michel Sidibé.

No ano passado, 19 bilhões de dólares foram destinados a programas de luta contra a aids, um bilhão a menos que em 2017 e sete bilhões a menos que o valor considerado necessário para para 2020 (US$ 26,2 bilhões).

"Esta redução é um fracasso coletivo", destaca a Unaids. O programa da ONU afirma que o cenário envolve "todas as fontes de financiamento": contribuições internacionais dos Estados, investimentos dos países ou doações privadas com fins filantrópicos.

Por este motivo, 2019 é considerado um ano crucial. Organizada a cada três anos, a conferência de financiamento do Fundo Mundial acontecerá em 10 de outubro na cidade francesa de Lyon.

O objetivo é arrecadar 14 bilhões de dólares para o período 2020-22 para conseguir financiar o fundo.

Os principais contribuintes são Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Japão.

Os obstáculos afetam o trabalho para alcançar o objetivo estabelecido pela ONU para 2020: que 90% das pessoas portadoras do vírus conheçam seu diagnóstico, que 90% destas pessoas recebam tratamento e que, entre elas, 90% tenham uma carga viral indetectável.

Em 2018, estas proporções foram, respectivamente, de 79%, 78% e 86%, com muitas diferenças regionais.

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