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Passageiro não cancela corrida e diz que foi espancado por motorista de app

Camisa manchada de sangue do advogado Thiago Phillip Santos Abreu, 33, que foi espancado por um motorista do aplicativo Uber em BH - Arquivo pessoal
Camisa manchada de sangue do advogado Thiago Phillip Santos Abreu, 33, que foi espancado por um motorista do aplicativo Uber em BH Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Marcellus Madureira

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

16/07/2019 23h23

Um advogado de 33 anos afirma que foi espancado por um motorista do aplicativo Uber na noite do último domingo (14) por não querer cancelar uma corrida que o motorista havia se recusado a fazer ao ver o destino da viagem. O suspeito alega ter sido atacado primeiro pelo passageiro e que revidou a agressão.

Thiago Phillip Santos Abreu pediu, por volta das 22h, um carro no bairro União, região nordeste de Belo Horizonte. Ele disse ao UOL que entrou no carro, mas quando o motorista viu o destino, não quis realizar a corrida.

"Chegou o Ônix prata e entrei no carro. Ele não quis me levar ao destino, em Sabará [município da região metropolitana de Belo Horizonte], e mandou eu cancelar a corrida", disse Santos à reportagem.

"Eu disse que não cancelaria porque não seria justo pagar a taxa que a Uber me cobra para cancelar, sendo que ele não queria prestar o serviço. Discutimos por algum momento e desci do carro. Bati um pouco forte a porta e acho que ele ficou ofendido por isso", lamentou.

Em seguida, o advogado contou que o motorista correu com o carro atrás dele e conseguiu derrubá-lo. "Quando eu estava correndo, ele conseguiu me desequilibrar com o carro. Então ele desceu e começou a desferir vários golpes com a chave de roda. Eu tive que implorar para ele parar, já estava perdendo muito sangue."

O motorista parou com a agressão e fugiu. Thiago então foi até um ponto mais movimentado da região e deitou no passeio de uma rua. Cerca de cinco minutos depois, uma viatura passou e o viu bastante ensanguentado no chão.

"Algumas pessoas de apartamentos próximos gritaram por ajuda e a Polícia Militar chegou. Eles chamaram o Samu e fui atendido", conta.

O advogado disse ainda que ficou internado até segunda-feira (15) e que está muito machucado -- foram mais de 60 pontos na cabeça, uma fratura na parte esquerda do rosto e um corte profundo no ombro esquerdo.

"Ele sabe onde moro, tenho esse receio sim, mas não tinha o que fazer, não podia deixar de fazer alguma coisa, eu tinha que informar para a Polícia e imprensa", argumentou.

Thiago entrou em contato com a Uber, mas recebeu uma resposta padrão por e-mail. O advogado afirma que vai entrar com uma ação contra a empresa e diz que faltam critérios de avaliação para a escolha dos motoristas do aplicativo. "Eles não fazem exigências, não têm critérios, não exigem um laudo psicotécnico, certidão negativa criminal", concluiu.

Em nota enviada ao UOL, a empresa lamentou o caso e disse que condena todo tipo de agressão.

"A conta do motorista parceiro já foi suspensa, enquanto aguardamos pelas apurações. A Uber está à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei", diz a nota.

Outro lado

Na segunda-feira, após o ocorrido, o condutor do Uber foi até a polícia e prestou depoimento da sua versão dos fatos. O UOL teve acesso ao boletim de ocorrência e, de acordo com o motorista, o passageiro entrou no carro, mas ficou irritado quando houve um desentendimento por causa da corrida.

O suspeito alegou que Thiago estava aparentemente alcoolizado, começou a agredi-lo e acertou uma garrafa em sua cabeça, causando um ferimento. Para se defender, o condutor deu socos e também utilizou a chave de roda. Ele explicou ainda que um outro motorista da Uber parou para separar a briga.

Em novo contato com o UOL, Thiago estranhou o homem se entregar depois de o caso ser registrado, não fazer um boletim de ocorrência no mesmo dia e fazer um exame corpo de delito. Ele ainda disse que a reação do motorista é desproporcional à versão apresentada e que aguarda apuração por parte da Polícia Civil.

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