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AB InBev busca plano B com suspensão de IPO na Ásia

Eric Pfanner e Thomas Buckley

15/07/2019 13h30

(Bloomberg) -- Depois da suspensão do IPO da subsidiária da Anheuser-Busch InBev na Ásia, investidores se perguntam quais serão os próximos passos da fabricante de cervejas.

Com a mudança de rota anunciada na sexta-feira, quando desistiu do plano de vender uma participação na unidade para levantar até US$ 9,8 bilhões, a dona da Budweiser precisa encontrar uma solução para reduzir o endividamento de US$ 100 bilhões e acalmar os acionistas, enquanto tenta reanimar um negócio que perdeu o dinamismo e manter a confiança das agências de classificação de risco. A Standard & Poor's tem perspectiva negativa para a nota da AB InBev, com classificação A-, o quarto grau de investimento mais baixo.

"Qualquer equívoco na redução da dívida devido à menor rentabilidade pode levar a novos rebaixamentos", analistas da Bloomberg Intelligence, Hoai Ngo e Madeleine Hart, escreveram em nota.

Confira a seguir algumas alternativas que podem ser seguidas pela AB InBev:

Cortar custos

A AB InBev construiu seu império ao longo de três décadas por meio de aquisições, seguidas de cortes de custos, com dezenas de marcas de cerveja em todo o mundo colocadas sob o mesmo guarda-chuva. Ao eliminar as funções sobrepostas, tornou-se a cervejaria mais rentável do mundo, com margens operacionais equivalentes a mais que o dobro das margens de sua rival mais próxima, a Heineken.

"O cancelamento do IPO significa que provavelmente levará modestamente mais tempo para a ABI se expandir nos três países em que deseja crescer - Filipinas, Tailândia e Vietnã", disse Nico von Stackelberg, analista da Liberum, embora tenha acrescentado que "é apenas uma questão de tempo antes que cheguem lá".

Insistir no IPO

A empresa poderia esperar um tempo e depois retomar os planos do IPO.

O problema é que potenciais investidores agora levam vantagem, já que a empresa tentou uma vez e não conseguiu encontrar demanda suficiente. Isso poderia mais uma vez dificultar a precificação.

A empresa também pode explorar a venda de uma participação minoritária na subsidiária da Ásia, a Budweiser Brewing Company APAC, embora não haja um plano imediato para um acordo, disseram pessoas a par do assunto.

Vender ativos

A onda de aquisições da AB InBev culminou com a fusão com a SABMiller três anos atrás. Para garantir a aprovação antitruste, a empresa teve que vender vários ativos, incluindo a Peroni, Grolsch e Pilsner Urquell na Europa e sua participação na MillerCoors nos EUA.

A empresa ainda possui mais de 60 marcas de cerveja em todo o mundo, desde as globais como Budweiser, Corona e Stella Artois até as locais como Boxing Cat, na China, e Brahma, no Brasil.

Reduzir dividendos

A AB InBev poderia reduzir o pagamento de dividendos aos investidores, com foco na gestão do endividamento em detrimento de manter sua reputação como uma das empresas mais generosas com acionistas no setor de bens de consumo.

A cervejaria tem recursos em caixa e há um precedente: a InBev reduziu seu dividendo pela metade em outubro, reservando os US$ 4 bilhões economizados para pagar empréstimos.

--Com a colaboração de Albertina Torsoli, Manuel Baigorri, Crystal Tse, Vinicy Chan e Tasos Vossos.

Repórteres da matéria original: Eric Pfanner em Londres, epfanner1@bloomberg.net;Thomas Buckley em Londres, tbuckley25@bloomberg.net

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