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Dono de BMW i3 diz como é ter um carro elétrico com três anos de uso

Para Leonardo Celli Coelho, carro elétrico é parte de um estilo de vida mais sustentável - Arquivo Pessoal
Para Leonardo Celli Coelho, carro elétrico é parte de um estilo de vida mais sustentável
Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/06/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Administrador de empresas comprou o carro em abril de 2016
  • Ele relata experiência com manutenção, recarga e duração das baterias
  • Satisfeito, diz que ainda não pensa em trocar por outro elétrico

Pouco a pouco, o Brasil começa a ter mais opções de carros elétricos. Nos últimos meses, Chevrolet Bolt, Nissan Leaf, Renault Zoe, JAC IEV 40 e, mais recentemente, Jaguar I-Pace foram lançados no país. A oferta ainda é pequena, os preços, elevados, e a infraestrutura de recarga, limitada. Porém, há três anos, a situação era ainda mais restritiva, com apenas um modelo à disposição -- o BMW i3 -- e menos locais públicos para reabastecer as baterias.

Dentre as pessoas com dinheiro e disposição para comprar um automóvel elétrico, fica a dúvida: como é conviver a médio e longo prazo com um veículo do tipo, levando em conta aspectos como custos de manutenção e recarga, autonomia para uso diário e duração das baterias?

Para ajudar na decisão, UOL Carros conversou com o administrador de empresas Leonardo Celli Coelho, de 42 anos, que comprou um i3 em abril de 2016 e até hoje está com o carro -- com o qual já rodou mais de 73 mil km. Ele, aliás, diz que está tão adaptado e satisfeito que no momento nem pensa em trocar por um elétrico mais novo. "Em mais de 20 anos como motorista habilitado, nunca rodei tanto com os veículos que já tive".

Morador de Jaguariúna, cidade do interior de São Paulo, Coelho é um entusiasta da tecnologia, que considera parte importante de um estilo de vida. Além de comprar o i3, pelo qual pagou cerca de R$ 180 mil há mais de três anos juntamente com a mulher, o administrador investiu outros R$ 25 mil há dois anos para instalar células fotovoltaicas em casa para e assim suprir as necessidades diárias do casal -- incluindo a recarga do carro, geralmente feita durante o período noturno.

"Quando nos mudamos de São Paulo para o interior, buscávamos uma vida mais autônoma. Decidi trabalhar em casa e o carro elétrico se encaixa na proposta de uma vivência e convivência mais respeitosas, harmoniosas e sustentáveis", explica. "Quando começamos a avaliar a compra do veículo, ele inicialmente custava R$ 230 mil, mas o preço caiu após o início da isenção do Imposto de Importação para elétricos no Brasil. Então, fizemos a loucura e pagamos R$ 180 mil", prossegue.

Coelho explica que houve todo um planejamento antes de bater o martelo, levando em conta restrições de autonomia e os deslocamentos do casal. Esse planejamento incluiu a instalação da estrutura de geração de energia solar em elétrica em casa. Além disso, investiu em um carregador semirrápido -- durante o primeiro ano de uso, o i3 foi recarregado em uma tomada comum.

Graças às placas fotovoltaicas, esclarece, hoje a residência produz mais energia do que precisam seus ocupantes: o medidor convencional é substituído por um de "duas vias", responsável por registrar tanto a eletricidade consumida pelo imóvel quanto a produzida pelas células; é preciso contratar 50 kWh obrigatórios da "taxa de disponibilidade" de energia.

"O excedente de energia gerada é enviado para o meu sogro e hoje pagamos apenas a taxa mínima à concessionária, de aproximadamente R$ 60.

Leonardo Coelho células fotovoltaicas - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Leonardo Coelho quase zerou a conta com energia elétrica ao instalar células fotovoltaicas em casa
Imagem: Arquivo Pessoal

Custo para rodar

De acordo com o administrador, por conta das células solares, há dois anos o custo para recarga do carro é muito pequeno. Porém, ele fez um cálculo de quanto teria gasto se nesses pouco mais de três anos utilizasse apenas a energia fornecida pela distribuidora local.

Como nesse período a média de consumo com o i3 foi de 8 km/kWh, Coelho estima que teria desembolsado R$ 7,2 mil apenas com eletricidade para rodar os 73 mil km, levando em conta a tarifa cobrada por cada kWh na cidade onde reside. "Se durante esse tempo a gente utilizasse um veículo a combustão interna, com média de consumo de 10 km/l de gasolina, o custo subiria a quase R$ 33 mil com o litro a cerca de R$ 4,50 no posto", estima.

A conta na verdade não é exata. Leonardo Coelho lembra que, da quilometragem total, rodou cerca de 12% utilizando o extensor de autonomia do i3 -- um motor 0.6 a gasolina de scooter acionado automaticamente sempre que a carga das baterias está muito baixa. Vale ressaltar que, apesar do dispositivo, a tração do BMW é sempre 100% elétrica. "Com o extensor, rodamos cerca de 8.700 km, com consumo médio de 18 km/l, o que dá pouco mais de R$ 2.000 em três anos".

Ele acrescenta que, por conta do dinheiro já economizado com a conta de luz, praticamente já compensou o gasto de R$ 25 mil nas placas solares.

Leonardo Coelho BMW i3 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
BMW i3 de Coelho e sua mulher perdeu cerca de 15% da carga das baterias em pouco mais de 3 anos de uso
Imagem: Arquivo Pessoal

Duração das baterias

Ele também conta que, após mais de 73 mil km, a capacidade de carga das baterias caiu aproximadamente 15%, suficiente para rodar de 120 km a 130 km em condições normais.

"Quando o carro estava novo, conseguíamos atingir 140 km, 150 km. A autonomia ainda nos atende em quase todos os deslocamentos que a gente faz, incluindo trajetos urbanos e viagens nos fins de semana, nas quais usamos a infraestrutura de recarga nas rodovias ou, se necessário, recorremos ao extensor de autonomia", relata.

Coelho lembra que há cerca de três anos havia bem menos pontos públicos para recarregamento na região onde mora. Para ir até São Paulo, tinha apenas um eletroposto na Rodovia Anhanguera, no sentido de volta". A capital e a cidade do interior, localizada próximo a Campinas, são separadas por cerca de 120 km.

Leonardo Coelho BMW i3 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Coelho afirma que, durante os 73 mil km rodados, manutenção principal foi a troca dos pneus e do fluido de freio
Imagem: Arquivo Pessoal

Manutenção

Nesses três anos, diz, boa parte da manutenção se resumiu à troca do fluido de freio e à substituição dos pneus. "As pastilhas de freio ainda estão praticamente zeradas, o freio-motor para recarga das baterias nas frenagens exige bem menos dos freios. Fora isso, tem a troca de óleo e de filtros do gerador estacionário a combustão, mas não mexo em nada relativo a ele há cerca de dois anos, quando o i3 marcava 30 mil km no hodômetro". Coelho não faz mais as revisões em uma concessionária BMW.

Pensa em trocar?

Com os lançamentos recentes de elétricos no país, inclusive uma atualização do i3 com baterias de maior capacidade, seria natural o administrador e a mulher considerarem a troca por um modelo mais recente. Coelho conta que recentemente o casal chegou a alugar um Renault Zoe para avaliar a possibilidade. "Tem o dobro da autonomia [cerca de 300 km], mas sem o extensor a combustão. Gostamos muito do Zoe, até consideraríamos um se rodássemos menos na estrada. Além disso, já estamos acostumados com o i3, que não traz nenhuma dor de cabeça".

Além disso, tem outros custos a levar em consideração, fala o administrador de empresas. "Para pagamento do IPVA e do seguro, hoje o valor venal do nosso i3 é de cerca de R$ 80 mil, contra R$ 150 mil de um Zoe zero-quilômetro".

Além do BMW i3, Coelho e a mulher têm um Renault Twingo 2002, de primeira geração, que pretendem transformar em carro elétrico "daqui a alguns anos".

Veja avaliação do i3 na época do lançamento

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