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Ex-militar cipriota que matou 7 mulheres é condenado à prisão perpétua

24/06/2019 10h55

Nicósia, 24 jun (EFE).- O Tribunal de Crimes Graves de Nicósia condenou nesta segunda-feira o feminicida cipriota, que confessou o assassinato de sete mulheres estrangeiras, a sete penas de prisão perpétua, uma por cada vítima, a mais severa já ditada pela Justiça do Chipre.

Durante a leitura da sentença, que o acusado, o ex-militar Nikos Metaxas, escutou entre soluços, o juiz lembrou que as vítimas eram todas estrangeiras que tinham chegado para trabalhar no Chipre e, ao invés disso, "tiveram uma morte brutal".

Além disso, acrescentou que o acusado não duvidou em matar duas filhas destas mulheres, de apenas seis e oito anos.

Durante a sessão, Metaxas leu uma declaração na qual confessou os sete assassinatos, manifestou seu arrependimento, assumiu as consequências de suas ações e pediu desculpas aos familiares das vítimas, à sua própria família e à sociedade cipriota.

"Não posso voltar atrás. A única coisa que posso fazer é ajudar a esclarecer os crimes e não atrasar o procedimento perante o tribunal. Peço uma grande desculpa às vítimas e aos seus familiares pela injusta dor que lhes causei", declarou.

Os assassinatos entre 2016 e 2018 de sete empregadas domésticas - naturais de Romênia, Filipinas e Nepal - causou comoção e indignação no país, sobretudo porque a maior parte das vítimas tinha sido dada como desaparecida sem que as autoridades iniciassem uma investigação.

O caso só começou a ser resolvido depois que o corpo da filipina Mary Rose Tiburcio, de 39 anos, foi encontrado. No entanto, a vítima estava desaparecida desde maio de 2018, assim como sua filha de seis anos, cujo corpo foi encontrado posteriormente.

Todos os demais corpos foram achados após a confissão do próprio autor dos crimes, que foi detido apenas quatro dias depois da descoberta do corpo de Mary no poço de uma mina abandonada, na cidade de Mitsero, a cerca 30 quilômetros da capital cipriota.

Após o início de uma investigação, uma amiga da vítima tinha dado a pista que levou a Metaxas, ao declarar que Mary tinha conhecido o autor dos crimes através da internet e saído com ele.

O último corpo a ser encontrado foi justamente o da filha de Mary, descoberto no último dia 12 em um lago nos arredores de Nicósia.

O corpo foi achado envolvido em um lençol e atado a um bloco de cimento, tal como tinha indicado Metaxas, ex-militar da Guarda Nacional, durante um interrogatório.

O caso do feminicida em série foi o primeiro deste tipo enfrentado pelas autoridades e pela sociedade cipriota, que por essa razão têm se apoiado na experiência de especialistas da polícia britânica.

A negligência na investigação provocou no começo de maio a renúncia do ministro de Justiça cipriota e a destituição do chefe de polícia.

Durante a investigação do caso, a polícia ouviu cerca de 800 pessoas. EFE

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