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Resultados de eleição para prefeito em Istambul dão vitória para oposição

23/06/2019 13h18

Cerca de dez milhões de eleitores foram às urnas neste domingo (23) em Istambul, a maior cidade da Turquia, para eleger o novo prefeito, após o cancelamento do pleito ocorrido em 31 de março. O candidato da oposição, Ekrem Imagoglu, venceu a disputa, segundo os primeiros resultados.

De acordo com os primeiros resultados extraoficiais, depois da apuração de mais de 94% dos votos, o candidato da oposição, Erkrem Emamoglu, do Partido Republicano do Povo, teria obtido 53% dos votos. O candidato do presidente Recep Tayyp Erdogan, Binali Yildirim, reconheceu a vantagem do adversário e desejou "boa sorte" para Emamoglu.

Em março, ele obteve 13.000 votos a mais do que Yildirim, do AKP, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento. O resultado foi anulado depois que o AKP, a formação conservadora islâmica do presidente Erdogan, apresentou recursos denunciando "irregularidades em massa".

Na época, a oposição, que rejeitou as acusações, denunciou um "golpe contra as urnas" e considera as novas eleições uma "batalha pela democracia". Mais do que uma eleição municipal, o pleito em Istambul é visto como um teste da popularidade de Erdogan e do AKP, em um momento de sérias dificuldades econômicas.

De acordo com o cientista político turco Ali Bayramoglu, o país precisa de uma política conciliatória. "Erdogan adora falar e ter uma relação direta com o povo, mas sua principal dificuldade é seu discurso ultranacionalista", avalia, em entrevista à RFI.

Segundo ele, o discurso populista de Erdogan dividiu a sociedade. O presidente, ressalta o cientista político acredita que o país é formado por "pessoas legítimas", que pensam como ele, e "os outros", que representam metade da Turquia. "Esse discurso não funcionou e ele perdeu votos em todo o país", avalia o especialista. "O descontentamento existe, há uma onda crescente. A Turquia já é muito polarizada. A principal demanda, a mais importante, é a de uma política que incite a menos conflito", conclui.

Eleições decisivas

Para Erdogan, o que está em jogo é manter o controle de uma cidade com mais de 15 milhões de habitantes, capital econômica e cultural do país, administrada por seu partido há 25 anos. A oposição buscava infligir a primeira grande derrota de Erdogan desde 2003.

Nas eleições de março, o AKP também perdeu Ancara, a capital política, após 25 anos de hegemonia. Erdogan, que no início da campanha mostrou-se discreto, voltou a atacar Imamoglu. Para o candidato da oposição, o cancelamento das eleições de março foi "injusto e ilegal".

Erdogan agora se esforça para minimizar o impacto da votação de março, e chegou a afirmar que essas eleições são "simbólicas", além de prometer que aceitará o resultado.

 

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