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Presidente da China é recebido com entusiasmo na Coreia do Norte

20/06/2019 15h18

Pyongyang, 20 Jun 2019 (AFP) - O presidente da China, Xi Jinping, chegou nesta quinta-feira à Coreia do Norte para uma visita que busca reforçar a aliança bilateral, num momento em que a aproximação entre o líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece se desfazer.

Xi foi recebido com muito entusiasmo no país aliado. Segundo emissora de televisão chinesa CCTV, "centenas de milhares de pessoas" o receberam nas ruas de Pyongyang enquanto passava numa limusine conversível ao lado de Kim Jong Un

Ambos posaram para as câmeras em frente às bandeiras dos dois países antes do início de uma reunião, acompanhados por suas delegações, focada no programa nuclear norte-coreano, que mantém o regime de Kim isolado internacionalmente.

Pequim, que aplica as sanções internacionais, continua sendo o único aliado importante de Pyongyang.

Xi garantiu a seu anfitrião seu apoio pelos "esforços" da Coreia do Norte para "manter a paz e a estabilidade na península da Coreia e promover sua desnuclearização", segundo a CCTV.

A tensão entre este país e o resto do mundo caiu drasticamente no ano passado, após ter alcançado o nível máximo após testes nucleares e mísseis disparados pelo regime de Pyongyang. Mas a histórica reunião ente Kim e Trump em Singapura em 2018 reduziu a pressão.

A última visita de um presidente chinês à Coreia do Norte foi há 14 anos.

- "Uma nova página" -O principal jornal norte-coreano, Rodong Sinmun, destacou que a visita de Xi marca "uma página nova e duradoura na história da amizade" entre os dois países.

O presidente chinês viajou acompanhado da esposa e de seu ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, além de outros membros do governo.

As principais avenidas e praças da capital norte-coreana estavam decoradas há dias com emblemas e bandeiras das duas nações.

O gigante asiático teve um papel central na Guerra da Coreia (1950-1953) em defesa do governo de Kim Il Sung -avô do atual líder norte-coreano- contra os Estados Unidos.

Contudo, os primeiros anos de Kim no poder não foram fáceis para os diplomatas chineses. Pequim se uniu às sanções internacionais para forçar Pyongyang a abandonar seu programa de armas nucleares, e as relações bilaterais ficaram estremecidas.

Xi e Kim se esforçaram pessoalmente para recompor a relação. Apesar do líder norte-coreano ter esperado até 2018 para fazer a primeira viagem à China, os dois dirigentes se encontraram quatro vezes no ano passado.

Pequim percebe que a Coreia do Norte precisava dos chineses para poder falar de igual para igual com os americanos. Apesar de Trump ter prometido a Kim um fabuloso desenvolvimento econômico caso Pyongyang desista de seu programa nuclear, Xi espera lembrar sobre o papel central de seu país, que absorve nada menos do que 90% do comércio exterior nortecoreano.

"Xi quer que todo o mundo saiba que pode influenciar Kim e que nenhum acordo global e duradouro com a Coreia do Norte pode ser concluído sem a ajuda e a aprovação chinesa", disse Scott Seaman, analista de centro de reflexão americano Eurasia Group.

De qualquer maneira, a imprensa estrangeira não poderá acompanhar o encontro e não há previsão sobre a emissão de um comunicado conjunto ao fim do mesmo.

- "Um grande projeto" -Para o governo norte-coreano, a reunião entre Kim e Xi "servirá para mostrar aos Estados Unidos que tem o apoio da China e para dizer a eles que devem deter sua política de máxima pressão", opinou Eul-chul, professor da Universidade de Kyungnam, na Coreia do Sul.

O contexto é mais favorável a Pequim, já que a segunda reunião entre Kim e Trump, em fevereiro, terminou sem acordos e as conversas entre os dois países seguem interrompidas no que se refere à desnuclearização da península coreana.

Os Estados Unidos insistem que essa desnuclearização se torne realidade ou que comece antes do fim das sanções, uma postura que Pyongyang recusa.

Como forma de mostrar seu apoio a seu aliado, a China -seguida pela Rússia- bloqueou na terça na ONU uma iniciativa americana para impedir o envio de petróleo refinado para a Coreia do Norte.

Washington parece convencido de que Pyongyang recebe entregas ilegais de combustível em alta mar, e que teria superado sua cota estabelecida para 2019.

O presidente chinê tem outra preocupação, que discutirá com Trump na próxima semana no Japão na reunião do G-20: a guerra comercial entre os dois países.

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