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Fed mantém juros e sinaliza que cortes são possíveis este ano

Howard Schneider e Jason Lange

19/06/2019 15h25

Por Howard Schneider e Jason Lange

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve sinalizou nesta quarta-feira que poderá cortar a taxa de juros em até 0,5 ponto percentual ao longo do resto do ano, respondendo à crescente incerteza econômica e a uma queda na expectativa de inflação.

O Fed, que nesta quarta-feira manteve os juros após o fim de sua reunião de política monetária de dois dias, disse que "agirá conforme apropriado para sustentar" uma expansão econômica de quase dez anos e abandonou a promessa de ser "paciente" em ajustar juros.

Quase metade das autoridades do banco agora mostra disposição de reduzir os custos de empréstimo ao longo dos próximos seis meses.

Até mesmo alguns membros do Fed que não previram um corte de juros neste ano acreditam que "o argumento para uma política de alguma forma mais acomodatícia se fortaleceu", disse o chair do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa após a reunião.

O cenário-base continua "favorável", disse ele, e "não havia muito apoio para cortar juros agora nesta reunião". Porém, acrescentou ele, haverá muitos dados a virem no curto prazo que ajudarão diretores a entender se os riscos de um desfecho menos favorável continuam a crescer.

"Agiremos conforme o necessário, incluindo imediatamente se isso for apropriado, e usaremos nossas ferramentas para sustentar a expansão", disse ele.

Enquanto as novas projeções econômicas mostraram que as visões de crescimento e desemprego das autoridades foram praticamente mantidas, eles projetaram inflação de apenas 1,5% no ano, ante 1,8% projetado em março.

Eles acreditam ainda que a meta de inflação de 2% não será alcançada no próximo ano também.

Sete dos 17 membros disseram esperar que seja apropriado cortar os juros em 0,5 ponto percentual até o fim de 2019, e um oitavo viu redução de 0,25 ponto como apropriado.

Isso não foi suficiente para mudar a mediana da projeção de juros do Fed, que as autoridades estimaram que permanecerá na faixa entre 2,25% e 2,5% pelo resto do ano.

Mas ainda assim representa uma significativa mudança nas visões do Fed. Parece que muitos, talvez a maioria, dos membros reduziram sua perspectiva para os juros em um ponto percentual. Apenas uma autoridade continua a ver alta dos juros como provável em 2019.

A taxa de juros de longo prazo, medida para a situação da economia no longo prazo, foi reduzida a 2,5%, ante 2,80%.

Junto com as mudanças no comunicado, as projeções desta quarta-feira abrem a porta para o banco central reduzir os juros no curto prazo se a economia enfraquecer, ou se as disputas comerciais dos EUA com a China e outros países se intensificarem.

O Fed continuou a considerar o mercado de trabalho como "forte" e disse que a "expansão sustentada da atividade econômica" e eventual aumento da inflação ainda são "os resultados mais prováveis". A queda na inflação, entretanto, foi um golpe para o banco central, que espera alcançar sua meta em algum momento do próximo ano.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que já havia defendido corte dos juros, foi o dissidente na decisão de política monetária desta quarta-feira.

(Por Howard Schneider, Jason Lange e Ann Saphir)

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