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Temido por pais, YouTube ainda tenta emplacar plataforma para crianças

O YouTube Kids ainda não caiu nas graças das crianças e tem audiência bem menor do que canais infantis do YouTube normal - iStock
O YouTube Kids ainda não caiu nas graças das crianças e tem audiência bem menor do que canais infantis do YouTube normal Imagem: iStock

Mark Bergen e Lucas Shaw

Da Bloomberg

17/06/2019 15h58

No fim de maio, a associação Common Sense Media organizou um encontro sobre "bem-estar digital". Os participantes se reuniram no Museu da História do Computador, em Mountain View, na Califórnia, para debater os efeitos de longo prazo de aplicativos, serviços e dispositivos eletrônicos antes considerados como revolucionários. O painel final promoveu um debate sobre conteúdo considerado "não seguro para crianças", ou "NSFK" na sigla em inglês

O que deveria ser uma mesa redonda funcionou mais como uma enxurrada de críticas contra o YouTube. O site de vídeos, controlado pelo Google, domina as manchetes todas as semanas por seus vídeos fúteis, perturbadores ou prejudiciais que afetam crianças. Há uma década, pais inquietos se preocupavam com videogames e filmes de terror - mas, hoje, o YouTube causa mais medo.

"Agora os pais dizem: 'Pode mandar o filme violento'", disse Jill Murphy, editora-chefe do Common Sense. "É melhor do que uma caixa de pesquisa do Google."

Alicia Blum-Ross, diretora de políticas do YouTube para crianças e famílias, tentou convencer os presentes ao encontro de que sua empresa estava fornecendo conteúdo de qualidade para crianças. A empresa passou 2018 desenvolvendo ferramentas para a segurança de crianças na rede. O YouTube reforçou a equipe e criou um conselho consultivo externo. No segundo semestre do ano passado, a empresa contratou Blum-Ross, uma antropóloga, que, durante o painel, destacou atualizações recentes de produtos - uma opção apenas para vídeos de crianças monitoradas, mais ferramentas de controle para os pais e software mais inteligente.

"Na verdade, fizemos muitos avanços", disse. No primeiro trimestre de 2019, a empresa removeu mais de 800 mil vídeos por violações de sua política de segurança infantil.

Blum-Ross então elogiou a suposta panaceia do YouTube: o YouTube Kids. O aplicativo, criado há quatro anos, filtra vídeos do site principal especificamente para crianças menores de 13 anos, que são protegidas pela legislação federal dos EUA de certas formas de coleta de dados digitais. O aplicativo enfrentou críticas - de que é muito viciante, simplório e não editado -, mas o YouTube Kids é, relativamente falando, um refúgio dos perigos da internet aberta e do YouTube.com.

"Reforçamos aos pais que o site geral não é feito para crianças", disse Blum-Ross.

O que ela não mencionou, no entanto, é que muitas crianças não usam o YouTube Kids e, as que usam, não permanecem por muito tempo. Vários dos canais mais populares no site principal, que têm mais de 2 bilhões de usuários mensais, são especializados em programação para crianças pequenas, mas isso não significa que estejam livres de publicidade ou protegidos por questões de segurança.

Um deles, o Cocomelon, um canal de rimas para crianças, tem mais de 50 milhões de assinantes. É o dobro da audiência semanal de todo o YouTube Kids, visto por mais de 20 milhões de pessoas por semana, segundo um porta-voz da empresa. (Grande parte do público de um canal como Cocomelon poderia ser um pai ou mãe tentando aprender as rimas, disse um porta-voz).

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