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Sócios do BTG não vão embolsar R$ 2,54 bi da oferta -- por ora

Cristiane Lucchesi e Felipe Marques

17/06/2019 15h35

(Bloomberg) -- Os sócios do Banco BTG Pactual, que levantaram R$ 2,54 bilhões em uma oferta pública de ações do banco na semana passada, não ficarão com o dinheiro para si mesmos, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

Os sócios vão usar a maior parte do dinheiro levantado para pagar o BTG pela participação de 25% no banco suíço EFG International AG que será transferida para a holding dos sócios provavelmente no terceiro trimestre do ano, após a esperada aprovação de autoridades reguladoras, disse a pessoa, pedindo para não ser identificada discutindo assuntos que não são públicos. A fatia valia cerca de R$ 2,44 bilhões em 31 de março, mas o BTG também vai transferir para a BTG Pactual Holding passivos seus no total de R$ 830 milhões, o que significa que a transferência de caixa será de R$ 1,6 bilhão.

Os cerca de R$ 940 milhões restantes levantados na oferta de ações serão mantidos na holding como caixa e investidos pelo BTG, disse a pessoa.

Com mais capital após a transação, o BTG terá capacidade de expandir os empréstimos para empresas em toda a América Latina, incluindo o Peru e a Colômbia, disse a pessoa. O esperado aumento do lucro aumentaria os dividendos pagos aos sócios no futuro, disse a pessoa.

O BTG não quis comentar.

As units do BTG mais do que dobraram de preço neste ano, superando o Ibovespa em 92 pontos percentuais.

O banco, que manterá uma participação de 5% no EFG após a transferência, também aumentará seu patrimônio líquido de nível 1 para 13,4%, de 10,2%, de acordo com o comunicado. O valor patrimonial total alocado à participação de 30% do banco no EFG era de R$ 2,93 bilhões no balanço do fim do primeiro trimestre, disse o BTG.

Empurrão de liquidez

A oferta pública secundária de units do BTG, realizada em 11 de junho, foi uma resposta à demanda de investidores que estavam pedindo mais liquidez, disse o presidente Roberto Sallouti a jornalistas no mês passado. Antes da oferta, 16,6% das units do BTG estavam nas mãos do mercado disponíveis para negociação, segundo o banco. Após a venda, o total está próximo de 23%.

O BTG tinha uma carteira de crédito corporativo de R$ 31 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 37% em relação ao ano anterior. Essa carteira chegou a R$ 46 bilhões em 2014, antes de o banco ter que vender parte dela para enfrentar uma crise de liquidez provocada pela prisão do fundador e ex-presidente André Esteves em 2015.

Esteves foi absolvido no ano passado depois que o Ministério Público disse que não havia "provas suficientes" contra ele. Desde dezembro, ele está de volta ao grupo de controle do qual participam outros quatro sócios.

Um dos ativos que o BTG vendeu para aumentar a liquidez em 2016 foi o banco suíço BSI AG, comprado pelo EFG. O BTG comprou o BSI em setembro de 2015 e, após a aquisição, veio a público um escândalo do BSI vinculado a um fundo da Malásia de 2011 a abril de 2015. O BSI pagou multa de cerca de US$ 100 milhões por fallha em controles e conformidade de normas no caso. Agora, o BTG está em arbitragem com a Assicurazioni Generali SpA, a antiga proprietária da BSI, para definir quem vai arcar com as perdas ligadas ao escândalo.

Embora o BTG não mostre explicitamente as despesas exatas com advogados relacionadas ao caso, isso faz parte dos custos administrativos que o banco teve, de R$ 1,7 bilhão nos últimos dois anos. Agora essas despesas estão quase no fim, disse a pessoa.

Ao transferir a participação de 25% do EFG para a holding dos sócios, o BTG vai transferir também potenciais direitos e obrigações inerentes de forma proporcional, inclusive os relativos ao processo de arbitragem no caso do BSI, segundo comunicado.

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