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Odebrecht pede recuperação judicial para evitar falência

17/06/2019 20h24

São Paulo, 17 Jun 2019 (AFP) - O grupo Odebrecht, no centro de um escândalo de corrupção envolvendo uma dúzia de países, entrou nesta segunda-feira com um pedido de recuperação judicial para negociar uma dívida total de 80 bilhões de reais, revelou a 1ª Vara de Falências de São Paulo.

Trata-se do maior processo de recuperação judicial da história do Brasil, superando o que envolveu a empresa de telefonia Oi, totalizando 64 bilhões de reais.

A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação de uma situação de crise econômica-financeira do devedor, visando manter o funcionamento da empresa e o emprego de seus funcionários.

As empresas declaradas em recuperação judicial no Brasil têm seis meses para alcançar um acordo com seus credores.

O pedido foi formulado pelo Conselho de Administração da ODB - a holding que controla as diferentes empresas do grupo - junto a 1ª Vara de Falências de São Paulo.

Além da ODB, o processo envolve cerca de 20 empresas do grupo, mas não suas companhias operacionais, como a Odebrecht Engenharia e Construção e a petroquímica Braskem.

Os maiores credores da Odebrecht são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Criada em 1944 na Bahia, como uma empresa de construção civil, a Odebrecht SA se tornou um gigantesco conglomerado de capital familiar especializado em obras públicas.

A partir de 2014, o grupo foi sacudido pelo escândalo da Java Jato, e admitiu ter pago subornos milionários em vários países da região em troca de obras públicas.

"O Grupo Odebrecht chegou a ter mais de 180 mil empregados cinco anos atrás. Hoje, tem 48 mil postos de trabalho como consequência da crise econômica que frustrou muitos dos planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para voltar a receber novos créditos e a ter seus serviços contratados", declarou o diretor executivo do grupo, Luciano Guidolin.

"Tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB continuam mantendo normalmente suas atividades, focadas no objetivo comum de assegurar estabilidade financeira e crescimento sustentável, preservando assim sua função social de garantir e gerar postos de trabalho", destacou Guidolin.

O pedido de recuperação judicial foi precipitado pela suspensão da venda da participação do grupo na Braskem - petroquímica controlada em conjunto com a Petrobras - à holandesa LyondellBasell.

Também pesou o pedido de recuperação judicial, no final de maio, da subsidiária Atvos, empresa açucareira e segunda mair produtora de etanol do Brasil.

Estas dificuldades levaram a Caixa Económica Federal a executar dívidas contraídas pela Odebrecht para a construção da Arena Corinthians, em São Paulo, e o Centro Administrativo de Brasília.

"Frente ao vencimento de diversas dívidas, da ocorrência de fatos imprevisíveis e dos recentes ataques aos ativos das Empresas, a administração da ODB, com autorização do acionista controlador, concluiu que o ajuizamento da recuperação judicial se tornou a medida mais adequada para possibilitar a conclusão com sucesso do processo de reestruturação financeira de forma coordenada, segura, transparente e organizada, permitindo, desta forma, a continuidade das Empresas e de sua função social", destaca o comunicado do grupo.

mel-js/lr

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