Erdogan chama Mursi de mártir e critica relação da UE com Al Sisi
Istambul, 17 jun (EFE).- O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lamentou nesta segunda-feira a morte do ex-presidente do Egito Mohammed Mursi e acusou a União Europeia de ser hipócrita por se reunir com Abdul Fatah Al Sisi, que liderou o golpe de Estado contra seu antecessor e atualmente governa o país.
"Primeiro, irmão Mursi, mártir, desejo a misericórdia de Deus. Você que se tornou presidente do Egito ao receber 52% dos votos. Após destruir a democracia e chegar ao poder mediante um golpe, o cruel Al Sisi executou quase 50 pessoas", disse Erdogan ao jornal "Hürriyet".
Em declarações divulgadas pela agência turca "Anadolu", Erdogan criticou a conivência do Ocidente com as ações de Al Sisi, a quem chama de "assassino" pelas execuções de opositores que teriam ocorrido sob o regime do novo presidente do Egito.
Erdogan, em especial, fez ataques à UE e disse que o bloco europeu é "hipócrita" por discordar das atitudes de Al Sisi, mas aceitar reunir-se com ele.
Segundo a emissora estatal de televisão do Egito, Mursi morreu nesta segunda-feira, vítima de um ataque cardíaco, durante uma audiência de um caso no qual ele é acusado de espionagem.
O líder do grupo Irmandade Muçulmana tinha 67 anos e sua saúde vinha piorando nos últimos seis anos, período em que passou a maior parte do tempo preso.
"Este processo judicial, infelizmente durou quase cinco anos. O nosso irmão Mursi ficou preso cinco anos e foi sentenciado com outros milhares de companheiros", disse Erdogan ao "Hürriyet".
As relações entre a Turquia e o Egito estão em baixa desde o golpe de Estado de Al Sisi contra Mursi, aliado de Erdogan, em 2013. Em novembro do mesmo ano, ambos os países expulsaram os seus respectivos embaixadores, e em 2014, vários políticos egípcios próximos a Mursi e à Irmandade Muçulmana se reuniram em uma organização opositora no exílio em Istambul.
Há quatro meses, Erdogan pediu a Al-Sisi para decretar uma anistia geral e pôr fim às execuções, como condição prévia a uma normalização das relações bilaterais entre os países, o que ainda não aconteceu. EFE
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