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Ao menos 161 morrem em supostos conflitos étnicos no nordeste do Congo

17/06/2019 14h01

GOMA, República Democrática do Congo (Reuters) - Ao menos 161 pessoas foram mortas em uma província do nordeste da República Democrática do Congo na última semana, disseram autoridades locais nesta segunda-feira, uma aparente ressurgência de conflitos étnicos entre comunidades agrícolas e pastoris.

Uma série de ataques na província de Ituri teve como alvo principalmente pastores hemas, que estão em conflito há tempos com agricultores lendus a propósito do direito de pastagem e da representação política, mas a identidade exata dos agressores não está clara.

Um conflito aberto entre hemas e lendus entre 1999 e 2007 resultou em estimadas 50 mil mortes, um dos capítulos mais sangrentos de uma guerra civil no leste do Congo que deixou milhões de mortes causadas pelo confronto, pela fome e por doenças.

         Ataques retaliatórios entre os dois grupos no final de 2017 e no início de 2018 mataram centenas de pessoas e forçaram dezenas de milhares a fugirem de casa, mas uma calma frágil se mantinha até este mês.

         Pascal Kakoraki Baguma, parlamentar nacional de Ituri, disse que o episódio de violência mais recente foi provocado pelo assassinato de quatro empresários lendus na segunda-feira passada.     

         "Membros da comunidade lendu acreditaram que estes assassinatos foram obra dos hemas", disse Kakoraki. "Foi por isso que eles realizaram vários ataques a vilarejos hemas".

         "Fontes afirmam que 161 corpos foram encontrados até agora. Mas o saldo de mortes vai além dos corpos recuperados, já que houve outros massacres de civis e policiais", disse.

         Jean Bosco Lalo, presidente de organizações da sociedade civil de Ituri, disse que 200 corpos foram encontrados desde a semana passada em vilarejos predominantemente hemas, incluindo os 161 mencionados por Kakoraki. Lalo disse que o saldo de mortes aumentará quando suas equipes tiverem acesso a outros vilarejos onde mortes foram relatadas.

         O governador de Ituri, Jean Bamanisa, disse que as autoridades provinciais ainda trabalham para estabelecer o saldo de mortes exato e não quis apontar responsáveis.

         (Por Fiston Mahamba; reportagem e redação adicional de Aaron Ross em Dacar)

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