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Por que eu jamais compraria SUVs com motores pequenos e JAC com câmbio CVT?

JAC T5 CVT - Murilo Góes/UOL
JAC T5 CVT
Imagem: Murilo Góes/UOL
do UOL

12/06/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Impressão do JAC com câmbio CVT é de estar sempre estar com freio de mão puxado
  • Além do caso da JAC, nenhum automatizado de uma embreagem se mostrou satisfatório
  • Outra crítica são aos SUVs pesados que sofrem com motores 2.0 aspirado

Sou privilegiado em ter contato diário com algo de que gosto muito, que são os carros. Se por um lado, não tenho condições de ter tudo que gostaria na minha garagem, por outro eu me contento em ter acesso a eles, inclusive podendo guiá-los.

São incontáveis as máquinas que tive a oportunidade de dirigir, mas algumas não me agradaram e passaram para minha lista de vetos. Não são carros necessariamente ruins. Pelo contrário, alguns são bons ao que se propõem, mas por algum motivo jamais entrariam na minha garagem com o documento em meu nome.

Quando alguém me consulta para saber minha opinião, sempre procuro entender a necessidade dessa pessoa, e geralmente essa necessidade é diferente da minha, portanto eu entendo e respeito quem tem e gosta de um desses carros.

JAC T5 CVT - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL
Carros da JAC com câmbio CVT

Divido a trajetória da chinesa JAC Motors no Brasil em duas partes. A primeira foi quando chegou aqui. Os carros eram bons de guiar, pois sempre tiveram motores relativamente modernos, com boa potência específica. Também vinham recheados de equipamentos, mas pecavam no acabamento sem refinamento. Com o passar dos anos, melhoraram tanto nesse quesito que a pessoa que entra num JAC atual, não acredita que se trata da mesma marca de anos atrás. Nessa segunda página da sua trajetória, passaram a oferecer a opção de câmbio automático do tipo CVT, porém isso tirou toda a boa dirigibilidade de antes. Depois de ter testado os modelos T5, T40 e T50 com câmbio CVT, minha conclusão é que jamais compraria um para mim. Esse câmbio não conversa bem com o motor, seja o 1.5 ou o 1.6, e a impressão é de que o carro está sempre com o freio de mão puxado. Falta força, principalmente em baixas rotações.

Volkswagen Fox Highline iMotion 2015 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL
Automatizados de uma embreagem

Quase a mesma coisa dos JACs com câmbio CVT, mas conseguem ser ainda piores. Já guiei todos carros com câmbio automatizado de uma embreagem, de todas as marcas disponíveis. Até mesmo os charmosos Smarts da Mercedes-Benz já passaram por minhas mãos. Nenhum conseguiu se mostrar satisfatório para mim. Renego os Dualogics da Fiat, iMotion da VW, Easytronic da Chevrolet e EasyR da Renault. Eles adoram trocar as marchas em momentos errados, ficam indecisos em manobras ou trânsito lento, custam quase o mesmo que concorrentes com câmbios automáticos de verdade, e tem manutenção caríssima. Felizmente, o mercado também sempre olhou com maus olhos para esses câmbios, tanto que estão cada vez mais raros.

Marcas que vieram fazer turismo por aqui

Eu amo carros inusitados, tanto que tenho um na garagem. Mas alguns são de marcas que vieram para cá somente a passeio. Alguns aventureiros chegaram aqui pensando que fosse um mercado receptivo para carros, mas não faziam ideia de quão conservadores nós somos. Operação cara e vendas baixas fizeram muitos desistirem em pouco tempo. Os casos mais recentes são de algumas marcas chinesas, mas tivemos tantas outras ao longo dos anos, principalmente nos anos 90. Gostaria de dizer que o problema é somente o de falta de peças, mas alguns deles são frágeis e ruins de guiar. Não vale a pena se aventurar nesse mercado.

Honda CR-V 2015 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação
SUVs com motores pequenos

Temos uma escala de tributação equivocada no Brasil, onde o tamanho do motor define sua categoria. São muitos os casos de carros que são vendidos com motores maiores e mais potentes em outros países, mas quando chegam aqui, recebem motores menores para pagarem uma alíquota menor de imposto. Honda CR-V e Mitsubishi Outlander são bons exemplos. Esses pesados SUVs sofrem com motores 2.0, onde o desempenho é sofrível. O certo seria tê-los no mínimo com motores 2.4, como é em outros mercados. Sempre que me pedem SUVs com motores pequenos, tento recomendar outra opção para esse cliente, pois eu jamais teria um deles. Claro que não estou colocando nessa lista os modernos motores turbos de alguns SUVs, que o próprio CRV atual já dispõe.

Carros com pneus de perfil baixo

Nossas ruas são péssimas e isso não é segredo para ninguém. Crateras novas surgem todos os dias e quem mais sofre com isso são os pneus. Quanto maior for o perfil dele, maior a absorção dos impactos e melhor é o conforto para motoristas e passageiros. Recentemente, avaliei um Vectra 99, com pneus de perfil 70, algo improvável num sedã atual. Mesmo depois de 20 anos de estrada, esse antigo Chevrolet foi um dos carros mais confortáveis que já guiei. É impressionante como ele despreza nosso solo lunar e livra nosso corpo daqueles trancos indesejados. No extremo desse Vectra, estão os pneus com perfil baixo, que são lindos de ver em rodas cada vez maiores, mas completamente inadequados para nossa realidade. Se fosse só a questão do conforto, entendo que alguns podem até se acostumar. Mas o maior problema está no bolso, já que esses pneus sofrem mais com bolhas e precisam ser descartados por conta disso. Para mim, não faz sentido andar o tempo todo como se estivesse pisando em ovos.

0km que não é moderno

Não me faltam argumentos para convencer alguém a comprar um carro usado em vez de um novo. Mas entendo que sempre vai existir o comprador de novos que valoriza algo moderno, que ainda não chegou no mercado de usados. Tirando esse perfil, não faz sentido levar para casa um carro novinho com projeto antigo, seja de motor ou de carroceria. Se um dia eu trair meus princípios e entrar numa concessionária para comprar um carro zero quilômetro, pode ter certeza que vai ser o mais moderno possível.

Audi Q5 Security vem blindado de fábrica e custa R$ 370.990 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL
Blindados antigos

Espero nunca sentir a necessidade de ter um carro blindado. Mas se isso acontecer, vou ter que me virar para pagar mais caro em um modelo mais novo. Esse tipo de modificação está cada vez melhor, mas ainda traz alguns inconvenientes que, cedo ou tarde, vai aparecer, como as delaminações nos vidros e o desgaste prematuro de freio e suspensão. Blindados antigos te entregam esses problemas logo de cara, e aquilo que você acha que foi um bom negócio, em pouco tempo vira um pesadelo que não para de consumir seu dinheiro.

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