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Prédio onde brasileiros morreram não revisou gás e descumpriu lei chilena

Turistas brasileiros morrem no Chile - Karin Pozo/Aton Chile/AFP
Turistas brasileiros morrem no Chile Imagem: Karin Pozo/Aton Chile/AFP
do UOL

Alex Tajra e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

24/05/2019 18h37

O edifício onde seis pessoas da mesma família morreram intoxicadas no centro de Santiago nunca passou pela revisão de gás estipulada pela lei chilena. A informação foi revelada ao UOL por Luis Ávila, superintendente da SEC (Superintendência de Eletricidade e Combustível do Chile). "Esse edifício não possui registro em nossa base de dados de ter cumprido com essa obrigação", afirma Ávila.

Segundo o superintendente, todos os edifícios e casas chilenas têm de passar, a cada dois anos, por uma revisão das instalações de gás. Essa obrigação vem dos anos 1990, quando o país sancionou uma lei nesse sentido.

Enquanto o Ministério Público daquele país vem se empenhando para investigar os aspectos judiciais da morte da família, a SEC foi incumbida de determinar as responsabilidades em relação às prováveis falhas no sistema de gás do local. "Há instalações que são dentro do apartamento e outras que estão nas áreas comuns do prédio, que são de responsabilidade do administrador do edifício", explica o superintendente.

A SEC informou que tem o poder de multar os prédios que não cumprem com a regulamentação, mas o edifício onde a família brasileira foi encontrada não foi multado nenhuma vez, segundo a própria Superintendência. O órgão ainda afirmou que não tem uma informação concreta sobre a origem do problema, que pode ser especificamente no apartamento ou na estrutura de gás do prédio.

"Não temos antecedentes de que outros apartamentos de outras pessoas tenham registrado concentração de monóxido de carbono", diz.

As investigações da SEC apontam para um possível mau funcionamento de algum objeto dentro do apartamento. A maior probabilidade, segundo Ávila, é de que o problema esteja no aquecedor de água, "pela potência do artefato e pelo poder de concentração que pode causar em poucas horas".

Outra questão levantada por Ávila é o atual período climático do Chile. Por conta do frio, as pessoas tendem a fechar todas as janelas, e isso pode ter influenciado na intoxicação dos brasileiros. O cônsul-adjunto do Brasil no Chile, que teve de chamar um chaveiro para entrar no apartamento, afirmou ao entrar no local que "sentiu um cheiro de gás" e teve de abrir a janela, conforme relato publicado no jornal El Mercurio.

"O fechamento das janelas e das portas para se proteger do frio pode ter aumentado a concentração de monóxido de carbono", explica Ávila.

Segurança no Airbnb

A morte dos seis brasileiros no Chile levantou discussões sobre os protocolos de segurança do Airbnb. O aplicativo, que afirmou ontem que vai pagar todos os custos referentes ao traslado dos corpos para o Brasil, vem sendo questionado sobre seus métodos de garantir o resguardo dos hóspedes.

Para Ávila, aspectos de segurança básicos, como o fato de o prédio não possuir o selo verde referente às instalações de gás, deveriam ser informados para as pessoas que utilizam o aplicativo.

"Quando o apartamento é disponibilizado, ele tem de ter as informações completas, não incompletas. Então, nesse apartamento, deveria existir a informação 'não conta com o selo verde'. Essa informação é pública", argumenta.

Ontem, o aplicativo emitiu notas distintas para o Brasil e para o Chile. No primeiro, apenas um texto protocolar sobre a morte dos seis brasileiros:

"Nós nos solidarizamos com os familiares e estamos em contato para prestar todo apoio necessário aos familiares neste momento difícil. A segurança de nossa comunidade de viajantes e anfitriões é a nossa total prioridade".

No Chile, entretanto, o Airbnb diz que avisa aos hóspedes sobre a falta de detectores de gás."Se um hóspede reservar um espaço onde o anfitrião ainda não informou ter detectores de fumaça ou de monóxido de carbono, a plataforma Airbnb indicará isso ao hóspede para que ele saiba e possa tomar as precauções necessárias".

"Temos um programa que fornece detectores de fumaça e monóxido de carbono aos anfitriões que o solicitem", afirmou o Aribnb chileno. Já no Brasil, a empresa diz que não responsabiliza o dono do apartamento, já que as causas das mortes ainda estão sendo investigadas.

Seis turistas brasileiros morrem intoxicados no Chile

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