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May renuncia e abre sucessão ao cargo de primeiro-ministro no Reino Unido

24/05/2019 10h34

Viviana García.

Londres, 24 mai (EFE).- A primeira-ministra do reino Unido, Theresa May, muito pressionada por ministros e deputados, comunicou nesta sexta-feira sua renúncia como líder conservadora, que se concretizará no dia 7 de junho, embora permaneça no cargo até a escolha de seu sucessor.

Visivelmente emocionada, May "jogou a toalha" depois do fracasso de todas as tentativas para materializar o brexit - saída do Reino Unido da União Europeia (UE) -, sua principal missão quando assumiu o cargo em julho de 2016.

Na frente de sua residência no número 10 de Downing Street, a premiê informou que comunicou à rainha Elizabeth II sua intenção de renunciar em 7 de junho e de iniciar depois o processo para escolher o novo líder do Partido Conservador, processo que deve terminar no final de julho.

O principal candidato a sucedê-lo é o ex-prefeito de Londres e antigo ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, que desde sua conta do Twitter destacou hoje o "discurso digno" de May e seu "serviço histórico" a seu partido e ao Reino Unido.

Na declaração ao país, a ainda premiê, visivelmente emocionada, disse que "sempre lamentará profundamente não ter conseguido executar o brexit" e incentivou seu sucessor no Governo a tentar achar um consenso no Parlamento para conseguir deixar o bloco europeu.

"Fiz todo o possível para materializar o brexit", disse May, depois que os britânicos votaram a favor da saída da UE no referendo realizado no Reino Unido em 23 de junho de 2016.

"Lutei para fazer com que o Reino Unido sirva não só a poucas pessoas privilegiadas, mas a todo o mundo, e cumpra com o resultado do referendo", afirmou May.

"Em breve deixarei o trabalho que para mim foi a honra da minha vida: servir. Segunda primeira-ministra?, certamente não serei a última. Digo sem animosidade, mas com uma enorme gratidão por ter tido a oportunidade de servir ao país que amo", afirmou May, que é a segunda chefe de Governo depois de Margaret Thatcher.

Ao justificar seus esforços para concretizar o brexit, a política, de 62 anos, disse que o referendo de 2016 não foi somente uma votação a favor da saída da UE, mas de "uma profunda mudança no nosso país, um apelo para fazer do Reino Undo um país que realmente sirva a todo o mundo".

Apesar da profunda que o Reino Unido atravessa por causa do difícil processo do brexit, May estará à frente do governo quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizer sua visita de Estado entre 3 e 5 de junho.

O líder trabalhista (oposição), Jeremy Corbyn, pediu a "imediata" convocação de eleições gerais e classificou o Partido Conservador de legenda "dividida e desintegrada".

"O parlamento está bloqueado e os conservadores não dão soluções para os outros desafios que o país enfrenta", disse Corbyn.

Em julho de 2016, May sucedeu David Cameron quando este comunicou sua renúncia em 24 de junho - no dia seguinte ao referendo - e o país iniciava o tortuoso caminho de romper os laços com Bruxelas após mais de 40 anos de união.

No entanto, esse caminho foi mais difícil do que o esperado e logo ficou claro que o país estava dividido entre os favoráveis à UE e os não favoráveis, o que dificultou encontrar o consenso suficiente para que o acordo que May tinha negociado com Bruxelas fosse aprovado pelo parlamento.

Apesar de tudo, May fez constantes esforços para passar pelos obstáculos em meio às devastadoras pressões da ala mais dura dos conservadores: os eurocéticos.

May tentou por três vezes, sem sucesso, que a Câmara dos Comuns aprovasse seu pacto do brexit, mas sua última cartada, a de apresentar outra vez o acordo com novas medidas, entre elas um possível segundo referendo, acabou por tirá-la do poder.

Na quarta-feira, a líder do grupo conservador na Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, responsável pela agenda parlamentar do Governo e figura de destaque nele, apresentou seu renúncia em desacordo com a forma como May tinha administrado o brexit.

O Reino Unido fixou sua saída da UE para 31 de outubro após solicitar um adiamento do dia inicialmente estabelecido, 29 de março de 2019. EFE

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