Filme de Karim Aïnouz é premiado em Cannes
Em seu terceiro longa-metragem, Aïnouz critica o Brasil conservador e machista por meio da história de duas irmãs cariocas cujos sonhos são enterrados pelo peso do patriarcado. Baseado no livro homônimo da brasileira Martha Batalha (Companhia das Letras, 2016), o filme narra a jornada, da adolescência nos anos 1950 à velhice, de duas irmãs cariocas.
Ao receber o prêmio, Aïnouz o dedicou às atrizes protagonistas do filme, Carol Duarte e Julia Stockler, e a todas as mulheres do mundo. "Vivemos um momento em que há muita intolerância no Brasil", destacou o diretor em seu discurso.
Poderoso em sentimentos, o filme reforça visualmente o caráter melodramático com uma grande densidade de cores e uma performance mais característica do teatro. As telenovelas da década de 1970 serviram de inspiração. O longa conta com a participação especial de Fernanda Montenegro, vivendo Eurídice na idade madura.
Com esta coprodução de Brasil e Alemanha, o diretor de Fortaleza participou de Cannes pela terceira vez, após projetar "Madame Satã", seu filme de estreia, em 2002 nessa mesma mostra paralela, enquanto em 2011 levou "O Abismo Prateado" à mostra da Quinzena de Produtores.
Neste ano, o júri da mostra Um Certo Olhar foi presidido pela atriz e diretora libanesa Nadine Labaki. Essa competição paralela à oficial de Cannes exibe obras com linguagem experimental e de diretores pouco conhecidos ou novatos. Dezoito filmes concorriam ao prêmio da mostra neste ano.
CN/efe/afp
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