Trump tem "esperança" de fechar acordo com China e deve incluir Huawei nas discussões
No novo capítulo da guerra comercial entre Washington e Pequim, o presidente americano Donald Trump sugeriu que o tema da companhia de telecomunicações Huawei possa fazer parte das negociações entre os dois países. A declaração é feita no mesmo dia em que o secretário de Estado Mike Pompeo acusa a empresa de mentir ao dizer que não tem ligação com o governo chinês.
Trump disse nesta quinta-feira (23) que mantém suas esperanças de fechar um acordo e está convencido de que o documento vai ser concluído rapidamente. "Se for o caso, melhor, senão, azar", desdenhou. O americano confirmou seu encontro com o presidente chinês Xi Jinping à margem da reunião do G20 no Japão, em junho.
Apesar de considerar a empresa "muito perigosa", Trump deu a entender que pode colocar o assunto Huawei na mesa de discussões. "Huawei é algo muito perigosa. Quando você vê o que eles fizeram em relação à segurança, do ponto de vista militar... muito perigoso. Mas é possível que Huawei seja incluída no acordo comercial. Se chegarmos a um acordo, acho que a Huawei pode ser incluída de uma maneira ou de outra", respondeu, sem dar detalhes sobre suas intenções ao ser indagado por um jornalista presente na coletiva de imprensa.
A posição do presidente americano contraria a visão do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo. Ele chegou a defender que os dois assuntos - Huawei e comércio - fossem tratados de maneira separada.
A Casa Branca colocou a gigante asiática Huawei na lista de empresas suspeitas e proibidas de vender equipamentos tecnológicos que representem riscos de espionagem a serviço do governo chinês. Apesar da interdição temporária, de três meses, analistas apontam um impacto nefasto e até com risco de sobrevivência para a Huawei cujos telefones dependem de chips eletrônicos fabricados nos Estados Unidos.
Empresa é acusada de mentir
Em entrevista à emissora de televisão NBC, Mike Pompeo acusou a empresa de mentir. "Dizer que eles não trabalham para o governo chinês é uma declaração falsa", afirmou. "O presidente da Huawei não fala a verdade ao povo americano, nem para o mundo", acrescentou. Pompeo justificou que a legislação do país obriga as empresas a colaborar com as autoridades.
"Assédio econômico"
Os congressistas americanos, democratas e republicanos, se uniram - fato raro - para propor um projeto de lei que proteja a futura rede 5G americana do fabricante chinês. De acordo com o senador democrata Mark Warner, o texto visa impedir que "empresas que recebem instruções de adversários estrangeiros" consigam se infiltrar na rede americana de telecomunicações.
No dia anterior, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, denunciou um "assédio econômico" por parte dos americanos para impedir o desenvolvimento do país. Ele diz que Pequim irá "lutar até o fim". O porta-voz do ministério do Comércio afirmou que as negociações comerciais com Washington só serão retomadas se os americanos demonstrarem "sinceridade".
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