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Marine Le Pen pede a franceses que parem Macron nas eleições europeias

23/05/2019 07h44

Paris, 23 Mai 2019 (AFP) - Derrotada por Emmanuel Macron há dois anos nas eleições presidenciais, Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa, vê se aproximar a oportunidade da revanche com as eleições europeias do próximo domingo.

"Tudo mudou", diz Le Pen em entrevista à AFP realizada em seu gabinete na Assembleia Nacional, que ocupa desde sua eleição como deputada em 2017.

"Antes estávamos sozinhos na cena europeia, não tínhamos ninguém para mudar a UE por dentro, não tínhamos aliados. Mas em questão de meses, várias forças políticas ganharam força de uma forma espetacular", diz, sentada atrás de sua mesa de escritório.

De fato, há 18 meses, vários partidos que compartilham sua posição anti-imigração e eurocética entraram nos governos em Itália e na Áustria, e progrediram nos Parlamentos alemão, sueco e inclusive espanhol.

Mas na França, Emmanuel Macron e seu partido de centro, A República em Marcha, impediram que os populistas chegassem ao poder em 2017, deixando um gosto amargo para Le Pen.

Desde então, seu partido, a Frente Nacional, fez uma refundação. Mudou de nome, agora se chama Agrupamento Nacional e abandonou a ideia de sair da UE e da zona do euro. Agora, defende uma transformação das instituições europeias por dentro.

"Levamos em conta o que os franceses nos diziam. Não querem abandonar o euro, mas isto não quer dizer que não possamos melhorar as coisas", explica.

Mas para esta política de 50 anos, o adversário de hoje continua sendo o de ontem e pede para transformar as eleições europeias em um referendo anti-Macron.

"Se em nível nacional liderar os resultados, vai tirar disso uma ilusão de legitimidade para começar o que ele chama de ato II de seu quinquênio", avalia Le Pen.

"Sendo assim, digo aos franceses: não o deixem! Suplico-lhes! Detenham-no votando na única chapa capaz de vencê-lo!", acrescenta Le Pen, referindo-se à sua lista, que disputa com a de Macron pelo primeiro lugar nas intenções de voto.

- Uma disputa acirrada -Segundo as pesquisas, o Agrupamento Nacional acumula entre 22% e 24% de intenções de voto, sutilmente à frente da aliança de centro da qual faz parte o partido de Macron.

Em nível europeu, espera-se um avanço dos nacionalistas de extrema direita nas eleições do próximo fim de semana, embora o escândalo "Ibizagate" na Áustria, que resultou na saída da ultradireita da coalizão governamental, possa lhe custar pontos.

Marine Le Pen prevê que o grupo ao qual seu partido pertence - Europa das Nações e das Liberdades (ENF) - terá entre 80 e 120 dos 751 assentos do Parlamento Europeu. Segundo as pesquisas, ocuparia o quarto lugar, com 70 a 80 assentos, o dobro dos que tem atualmente.

"Nunca ocorreu, será algo histórico", prevê Le Pen. "Mas as coisas não vão mudar só no Parlamento Europeu. Tem algo que já é certo, e é que foi detida a insensata corrida para o federalismo na União Europeia", afirma, visivelmente satisfeita, com um cigarro eletrônico na mão.

Mas apesar de seu tom confiante e do avanço feito por alguns de seus aliados, como a Liga na Itália, Marine Le Pen corre um risco político nestas eleições.

Seu desempenho na campanha presidencial, particularmente no debate entre os dois turnos em que sua imagem se deteriorou, não foi esquecido e sua reputação está em jogo.

"Obviamente que sentiria decepção" se sua lista, encabeçada por Jordan Bardella, um jovem de 23 anos, não liderar os resultados, admite.

Em 2014, a ultradireitista Frente Nacional se impôs com 25% dos votos, tornando-se a primeira força política da França pela primeira vez na História. Será capaz de repetir o feito este ano?

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