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Milhares vão às ruas em defesa da União Europeia

Rebecca Staudenmaier (av)

19/05/2019 08h43

Preocupados com ascensão de eurocéticos e ultradireita, cidadãos de Alemanha e outros países protestam pela preservação do bloco e contra o nacionalismo, mas também por mudanças necessárias, a uma semana das eleições.A poucos dias da votação para eleger o próximo Parlamento Europeu, centenas de milhares de cidadãos foram às ruas do continente neste domingo (19/05), numa mensagem de apoio à Europa e seu projeto de paz, e repúdio ao nacionalismo e à extrema direita.

Na Alemanha foram registradas passeatas em sete grandes cidades, entre outras: Berlim, Colônia, Frankfurt, Hamburgo, Leipzig, Munique e Stuttgart. Na capital alemã, organizadores do protesto calcularam a presença de 20 mil pessoas. Outras 14 mil protestaram em Frankfurt, segundo a polícia.

Entrevistadas pela DW, duas integrantes do grupo "Vovós contra a direita" explicaram que participam por temer que a Alemanha e a Europa estejam retornando a um capítulo sombrio da história. "Nossas avós e avôs nos contaram como era a vida sob os nazistas", diz Walli, de 65 anos, "mas há uma lacuna de conhecimento a respeito."



Os protestos na Alemanha tiveram como lema "Uma Europa para todos: sua voz contra o nacionalismo" e contaram com a participação de mais de 100 organizações da sociedade civil e partidos políticos. Apesar de declaradamente pró-europeus, os organizadores também reivindicam mudanças no bloco: "A UE deve mudar, se é para ter um futuro", consta do website dos eventos.

Eles exigem promoção da diversidade e garantias de justiça social, assim como a defesa dos direitos humanos, em especial para os solicitantes de refúgio e migrantes que chegam pelo Mar Mediterrâneo. "Claro que a UE precisa mudar, precisamos de cooperação muito mais forte", confirma nas ruas Susanne Helm, de 50 anos, do movimento Pulso da Europa.

"Estou aqui porque não quero reviver o que um partido nacional-socialista já fez durante a minha vida. Isso nunca deveria acontecer novamente", diz Renate Foigt, de 74 anos, referindo-se à ideologia da Alemanha nazista. "Espero que mais e mais pessoas saiam às ruas para dizer 'parem'."

Milhares de pessoas também estiveram reunidas em Viena, na Áustria, país tomado por um escândalo envolvendo a extrema direita neste fim de semana. O vice-chanceler federal, Heinz-Christian Strache, líder do ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ), renunciou no sábado em meio a um escândalo de corrupção. A coalizão de governo foi dissolvida, e eleições antecipadas devem ser realizadas ainda neste ano.

Também estavam previstas manifestações pró-UE na Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Reino Unido, Romênia e Suécia.

As eleições para o Parlamento Europeu nos diferentes países do bloco transcorrem entre 23 e 26 de maio. Muitos eleitores de tendência democrática estão preocupados que os partidos eurocéticos e ultradireitistas, como o alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), obtenham um grande número de assentos, sobretudo com a baixa participação nas urnas em toda a UE.

No sábado, milhares de apoiadores se uniram a líderes de partidos nacionalistas e de extrema direita da Europa em um evento em Milão, na Itália, que visou fortalecer os laços entre essas legendas uma semana antes das eleições.

O comício foi promovido pelo vice-primeiro-ministro e ministro do Interior italiano, o populista de direita Matteo Salvini, que ao lado de sua principal aliada, a francesa Marine Le Pen, busca construir uma aliança ultradireitista com cerca de 12 partidos europeus na tentativa de se tornar a principal força política no Legislativo do continente.

Salvini ganhou popularidade com sua incansável retórica anti-imigração, enquanto governos nacionalistas na Hungria, Polônia e República Tcheca também impulsionam com frequência suas agendas anti-imigrantes e entram em atrito com Bruxelas por suas políticas linha-dura e posicionamento anti-UE.

"Estou aqui para alertar contra o que os governos da Hungria, Polônia e República Tcheca têm feito e contra o que pode acontecer na Alemanha depois. É muito perigoso", afirma Marius Schlageter, de 27 anos, em Berlim. "Vivemos em um mundo global, com problemas globais e responsabilidades globais."

AV/EK/dw/afp

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