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Milhares de austríacos exigem renúncia do governo e eleições antecipadas

18/05/2019 12h33

(Atualiza o número de manifestantes).

Viena, 18 mai (EFE).- Cerca de 15 mil pessoas, segundo a polícia, e o dobro, segundo os organizadores, se manifestam neste sábado em frente à sede do governo da Áustria para exigir eleições antecipadas após a renúncia do vice-chanceler e líder dos ultranacionalistas, Heinz-Christian Strache, comprometido por suas declarações em um vídeo no qual oferece favores políticos em troca de doações ilegais.

"Novas eleições" e "Renúncia" são as reivindicações dos manifestantes que, convocados de forma espontânea por diversos grupos através das redes sociais, desfraldaram bandeiras da União Europeia, à espera que o chanceler federal, Sebastian Kurz, fale com a imprensa após o terremoto político que sacode o país.

"Kurz deve sair!" e "Resistência", são outras das palavras de ordem vociferadas pelos manifestantes, que acabaram atrasando assim a esperada entrevista coletiva do chefe de governo.

Nos cartazes dos manifestantes, jovens em sua maioria, é possível ler mensagens como "Este governo é corrupto" e "Strache é um neonazista".

"Strache renunciou, mas este governo não pode continuar. Foi mostrada a verdadeira face do FPÖ. Um partido corrupto e racista não pode governar a Áustria", disse à Efe um manifestante que se identificou apenas como Thomas, de 20 anos.

O jovem se referia ao escândalo que explodiu ontem, quando dois meios de comunicação alemães - a revista "Der Spiegel" e o jornal "Süddeutsche Zeitung" - divulgaram imagens gravadas com uma câmera escondida em uma mansão de Ibiza, na Espanha, em julho de 2017, poucos meses antes das legislativas austríacas.

Nas imagens, Strache aparece falando com uma mulher que se fez passar pela sobrinha de um oligarca russo e lhe promete contratos estatais em troca de ajuda eleitoral e lhe explica o que tem que fazer para evitar as leis sobre financiamento de partidos.

Além disso, lhe sugere adquirir o jornal mais influente da república alpina e substituir alguns jornalistas por outros vinculados aos ultranacionalistas.

"Os jornalistas são de todas as formas as maiores putas do planeta", disse então Strache, segundo as transcrições publicadas pelos meios de comunicação alemães.

"Tem que haver novas eleições porque o FPÖ não está capacitado para governar. E Kurz deve assumir a responsabilidade por este experimento (de aliar-se com os ultradireitistas e eurocéticos) e por pactuar com corruptos", declarou à Efe Florian, outro dos manifestantes, de 25 anos.

Desde a chegada ao poder do FPÖ como parceiro menor de uma coalizão com o Partido Popular (ÖVP) de Kurz, ocorreram vários escândalos provocados por comentários ou incidentes racistas e xenófobos de alguns dos seus políticos e militantes, ou pela sua proximidade com extremistas de direita. EFE

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