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Cooperativa de leite uruguaia aposta em demanda de emergentes

Ken Parks

26/04/2019 09h02

(Bloomberg) -- Apesar da tendência mundial de substituição do leite de vaca, a cooperativa de laticínios uruguaia Conaprole está dobrando as apostas no mercado com uma nova unidade, orçada em US$ 35 milhões, para fabricar produtos premium, como fórmula infantil.

A mudança do perfil de consumidores nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, onde o consumo de leite vem caindo há décadas, levou empresas de laticínios como a Dean Foods e a gigante da Nova Zelândia Fonterra Cooperative a investir em produtoras de iogurtes vegetais ou proteínas de engenharia biológica.

"Não estamos focados nesse setor porque não estamos totalmente convencidos de que esse é o caminho certo a seguir", disse Álvaro Ambrois, presidente do conselho da Conaprole, em entrevista na sede da empresa em Montevidéu. "Estamos focados na qualidade de nossos produtos de leite de vaca."

Ambrois destacou que parte dos consumidores havia trocado a manteiga por margarina, mas disse que nos últimos anos essa tendência começou a ser revertida devido a preocupações com os riscos de produtos à base de óleo vegetal. Embora seja cético em relação aos substitutos lácteos, o executivo acredita que há mercado em países de baixa renda, com a oferta de laticínios mais baratos que incorporem óleos vegetais.

A Conaprole, maior exportadora e empresa de capital fechado do Uruguai, com receita de US$ 924 milhões no ano fiscal de 2018, depende da demanda de mercados internacionais como Argélia, Brasil e Rússia, que consomem cerca de dois terços dos mais de 1,4 bilhão de litros de leite processados por ano pela empresa.

Ambrois está otimista em relação ao aumento da participação da China nas exportações da cooperativa este ano e no próximo, depois de quase ter triplicado para 6,4% em 2018. Embora rivais da Nova Zelândia e da Austrália desfrutem de acordos de livre comércio com o país asiático, a Conaprole poderia aumentar as vendas na China no caso de uma consolidação de produtores locais com custos mais altos, disse.

A cooperativa observa uma demanda mais forte no Brasil por muitos de seus produtos, um sinal de potencial aceleração do crescimento, disse Ambrois.

Embora o Uruguai seja considerado o país menos corrupto na América do Sul, empresas que operam no país enfrentam um dos maiores custos de energia do continente, uma moeda forte e um sindicalismo militante.

Diante de um longo período de baixos preços do leite e dispendiosas disputas trabalhistas, no ano passado alguns dos 1.900 produtores da cooperativa chegaram a cogitar a ideia de vender a empresa, fundada há 83 anos.

Mas vender a Conaprole não está nos planos do conselho, disse Ambrois, que prevê crescimento de receita semelhante aos 7% do ano passado, puxado pela recuperação dos preços dos laticínios.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Fernando Travaglini, ftravaglini@bloomberg.net

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