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Toledo afirma que não recebeu suborno de US$ 31 milhões da Odebrecht

25/04/2019 21h49

Lima, 25 abr (EFE).- O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo (2001-2006), acusou nesta quinta-feira o ex-diretor da Odebrecht no país, Jorge Barata, de mentir "mais uma vez" ao ter afirmado que os subornos pagos a ele pela construtora brasileira chegaram a US$ 31 milhões.

"Quando foi perguntado por que não falou disto há dois anos, respondeu que não se lembrava. Que conveniente, não?", escreveu nas redes sociais Toledo, alvo de um pedido de extradição da Justiça peruana que está sendo analisado pelas autoridades dos Estados Unidos.

O ex-presidente destacou que Barata não tem provas de que o dinheiro ilícito da Odebrecht chegou às suas mãos, já que a empresa fez os pagamentos a empresas constituídas em paraísos fiscais pelo empresário israelense Yosef Maiman.

"Está provado que Maiman mentiu aos promotores quando lhes disse que os US$ 15 milhões que gastou com sua família era dinheiro lícito de negócios com a Odebrecht", disse Toledo.

No entanto, o Ministério Público peruano recopilou os indícios que apontam que os subornos reconhecidos pela Odebrecht terminaram supostamente nas mãos de Toledo através de um entrecruzado de empresas em distintos países.

Entre essas sociedades está a Ecoteva, fundada na Costa Rica pela belga Eva Fernenbug, sogra de Toledo; que foi utilizada pelo ex-presidente para adquirir milionárias propriedades imobiliárias em Lima e nas praias do norte do Peru.

Segundo informou o portal peruano IDL Reporteros, Barata confessou ontem a promotores peruanos que sua empresa pagou US$ 31 milhões a Toledo pela adjudicação de dois trechos da estrada interoceânica do sul, que atravessa o sul peruano, do oceano Pacífico até a fronteira com a Bolívia e o Brasil.

Até então a equipe especial de promotores peruanos a cargo do caso Odebrecht acreditava que o suborno pago a Toledo era de US$ 20 milhões.

Durante o interrogatório de Barata realizado em Curitiba, o ex-executivo declarou que a Odebrecht repassou a Toledo US$ 27 milhões em transferências a Maiman, seu suposto testa-de-ferro, e US$ 4 milhões em dinheiro para a campanha eleitoral de 2011.

O depoimento de Barata foi realizado graças ao acordo de colaboração assinado entre a Odebrecht e o Estado peruano para que os executivos reconheçam os crimes e identifiquem os receptores dos subornos em troca de benefícios em uma eventual condenação.

Os subornos a Toledo forem revelados no início de 2017, momento em que a Justiça peruana determinou 18 meses de prisão preventiva contra o ex-presidente e uma ordem de captura internacional.

Toledo permanece nos EUA desde que a investigação foi aberta contra ele há quase três anos. EFE

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